sábado, 27 de fevereiro de 2010

TERREMOTOS: Primeiro o Haiti, agora o Chile


Foto: epicentro e localização geográfica do terremoto.
Por Valter Machado da Fonseca

Há poucos dias atrás, a população mundial assistiu atônita, à tragédia decorrente do evento sísmico [terremoto] no Haiti. Foram milhares de mortos e desabrigados em toda a cidade de Porto Príncipe (capital do Haiti). A tragédia sísmica do Haiti, em que pesem os prejuízos econômicos e a quantidade de pessoas que pereceram, serviu para mostrar a realidade cruel que permeia a vida do povo haitiano. Serviu para que o mundo voltasse os olhos, pelo menos por um instante, para as mazelas causadas pela terrível desigualdade social que marca a vida do povo haitiano.
Hoje, a notícia do terremoto no Chile, traz à tona a discussão acerca das grandes catástrofes naturais. A situação do povo chileno é diferente do Haiti, porém, isso não minimiza o sofrimento de famílias inteiras que perderam seus entes queridos no evento sísmico desse dia 27/02/2010, no Chile.
1. O que ocasionou os eventos sísmicos nesses dois países?
No primeiro caso, no Haiti, o fenômeno sísmico se deveu à própria localização geográfica do Haiti, em especial da cidade de Porto Príncipe. Ela se situa numa região de instabilidade geológica, na borda da placa tectônica do Caribe. É uma zona de alta instabilidade devido a falhas e fraturas geológicas, situada na área de junção de duas placas tectônicas, propensa a grande quantidade de eventos sísmicos.
Já, o caso do Chile também envolve a localização geográfica do território chileno. O país situa-se nas costas do continente sul americano, próximo à Cordilheira dos Andes dando abertura para o Oceano Pacífico. Mas, o que realmente determina a quantidade de eventos sísmicos naquela porção do continente, é que a região pertence ao Círculo do Fogo do Pacífico, envolvida em uma grande variedade de atividades sísmicas e vulcânicas.
2. Mas, o que vem a ser o “Círculo do Fogo do Pacífico”, afinal?
Círculo do fogo é a nomenclatura dada à região submetida a intensas e frequentes atividades sísmicas e vulcânicas que circunda a região onde se situa a placa tectônica do Oceano Pacífico. Essa zona é circundada pela junção de várias outras placas tectônicas, como Nazca, Filipinas, de Cocos, Antártida, norte-americana e Indo-australiana, englobando, ainda uma pequena porção da borda da placa da Eurásia. As junções de todas essas placas originam movimentos tectônicos, que dão origem a intensas atividades de vulcanismo e terremotos.
3. Quais as regiões do planeta estão inseridas no “Círculo do fogo”?
Vários são os países localizados na zona do Anel ou Círculo do Fogo, dentre eles se destacam o Japão, norte da República Popular da China, Península da Coreia, Taiwan, Rússia ocidental, em especial as ilhas Curilas, costa sul do Alasca, costa oeste do Canadá e da América Central, Costa oeste da América do Sul [da Colômbia até o Chile], Indonésia, Malásia [ilha de Bornéu], Filipinas, Timor Leste, Papua-Nova Guiné, Ilhas Salomão, Nova Zelândia e Tonga.
Podemos verificar, então, que uma quantidade significativa de países ou parte deles está inserida no Círculo do Fogo do Pacífico. O Círculo do Fogo é a porção do planeta onde ocorrem as maiores atividades vulcânicas e terremotos. Além da localização geográfica do Chile [localizado no Círculo do Fogo], seu território também se localiza na borda da placa tectônica da América do Sul, a qual participou, num passado geológico recente, de intensas atividades ligadas a eventos orogênicos [formação de cadeias de montanhas], como por exemplo, a formação da Cordilheira dos Andes.
Por fim, esses eventos sísmicos, como o ocorrido hoje no Chile, servem para mostrar, sobretudo, que o nosso planeta ainda não atingiu a estabilidade geológica [como defende uma parcela de cientistas], mas, ao contrário, as placas tectônicas estão em movimento contínuo. Esse movimento das placas tectônicas se alia às atividades decorrentes do núcleo da Terra, envolvendo material magmático, submetido a altíssimas temperaturas e pressões.
Assim, pode-se concluir que nenhuma região do planeta está a salvo de eventos advindos das forças da natureza. Portanto, mesmo os países nos quais as atividades sísmicas e vulcânicas estão estagnadas já há algum tempo, não estão a salvo dessas atividades, dentre eles o imenso território brasileiro, que sentiu, mesmo que em pequena dosagem, o gostinho do terremoto chileno.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

CARNAVAL: Da cultura popular à ausência de identidade



Por Valter Machado da Fonseca
A cada ano que passa, a festa tida como a mais popular do mundo incorpora novos valores. Há várias décadas atrás, o carnaval era motivo e fonte de inspiração de escritores, atores, poetas e compositores, que viam na grande manifestação cultural, o canal para a criação de autênticas obras literárias, musicais e canções, dentre inúmeras outras formas espontâneas de exposição dos valores, que marcam a cultura popular.
Quem não se lembra das festas nos subúrbios, dos morros cariocas, locais de reuniões de cantores, compositores, passistas e demais amantes do samba, raiz da cultura popular. Na época do Cassino da Urca, no Rio de Janeiro, os dias de carnaval eram comemorados pelos poetas, compositores e boêmios que faziam da cultura popular a fonte de inspiração para a composição de belíssimas canções, marchinhas e sambas, que expressavam as tradições, as raízes e a vida cotidiana de nosso povo.
O samba raiz era cantado nas vozes belíssimas de Dalva de Oliveira, Ataulfo Alves, Erivelton Martins, Jamelão, Roberto Ribeiro, João Nogueira, Pichinguinha, Jacó do Bandolim, Cartola, Emilinha Borba, Dolores Duran, Jacson do Pandeiro, Carmem Miranda, dentre inúmeras outras estrelas, de primeiríssima grandeza de nossa música raiz. Assim o carnaval era uma época de criação e efervescência artística e cultural em quase todas as áreas, que iam desde as canções e marchinhas, até crônicas e poesias.

É importante ainda enfatizar que a festa popular inspirava ainda outras áreas ligadas às artes, como a arquitetura, a pintura e a escultura. Já inspirou importantes obras de Oscar Niemeyer, como o próprio sambódromo da Marquez de Sapucaí e quadros de Tarsila do Amaral. O carnaval chegou a ser tema de debates da “Semana da Arte Moderna”, em São Paulo, na década de 1920.
É interessante lembrar, ainda, que, além das escolas de samba, a festa popular se estendia pelas ruas do centro do Rio e das principais cidades brasileiras e pelas ladeiras das cidades históricas brasileiras, como Salvador, Olinda, Ouro Preto, São João Del Rei, Diamantina, dentre outras. O carnaval se caracterizava, acima de tudo, por ser uma festividade movimentada pela alegria, confraternização e celebração aos valores cultuais do povo brasileiro.
Aos poucos o carnaval foi ganhando notoriedade nacional e internacional. Com isso, foi incorporando outros valores, ocasionados pela invasão de outras culturas, originadas pelo acesso, cada vez maior, de turistas de diversas partes do mundo. Também é necessário ressaltar que as indústrias fonográficas, turísticas e televisivas viram no Carnaval, uma fonte de lucros intermináveis. Assim, a cultura legítima do povo brasileiro, foi sendo substituída pela ganância exorbitante pelo lucro. De fonte de produção cultural e de valores artísticos, o carnaval passou a ser uma mercadoria que alimenta a indústria do turismo e até de setores do narcotráfico.
Hoje, ao observarmos as festividades do carnaval verificamos a enorme distância entre a cultura popular [totalmente ausente nas festividades] e o desfile de modelos e personalidades que banalizaram [por completo] as raízes do nosso samba. Aliás, as fantasias do desfile das escolas de samba são vendidas a peso de ouro para turistas de todas as partes do mundo. Os representantes das comunidades se resumem a umas poucas alas [aliás, as mais pobres] e que, geralmente, vêm nos setores finais da escola, ou seja, a população do subúrbio e dos morros, não tem mais acesso à festa, outrora popular.
Analisando os sambas-enredos das principais escolas do Rio e de São Paulo, percebemos, claramente, a ausência de conteúdo. Os enredos mais significativos são aqueles que buscam nos tempos passados, ainda a fonte de suas melhores inspirações. Por fim, chegamos à conclusão que a alegria, a solidariedade e criatividade dos antigos carnavais, vêm sendo, sistematicamente, substituídas pelo lucro, narcotráfico e violência, que fazem do carnaval da atualidade, uma festa Hollywoodiana e perigosa, na qual as famílias não sabem se vão se divertir ou se não vão mais voltar para suas casas. Assim, do carnaval de hoje se destaca a violência, o luxo e a ostentação, ao passo que dos carnavais antigos só sobraram a nostalgia e a saudade.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

ENCHENTES EM UBERABA - MG (BR): Um problema de engenharia ou falta de planejamento?

Foto: Enchente na Av. Leopoldino de Oliveira, centro de Uberaba (MG)
Por Valter Machado da Fonseca.

A cada ano que passa, a população uberabense se assusta mais, com o problema das enchentes e inundações no centro da cidade. Os comerciantes fazem parte da parcela da população que mais sofre com esse problema. Todos os anos, a história se repete: são milhões de reais de prejuízo para quem trabalha no centro da cidade e outros milhões de reais em obras de engenharia, que o próprio poder público sabe que não vai solucionar o problema, quase crônico. Tudo isso, também sem contar os milhões de promessas em época de eleição e, até mesmo fora dela. Interessante é que os depoimentos dos moradores mais antigos da cidade apontam para a inexistência de tal evento há setenta ou oitenta anos atrás.
O mais curioso é que se ouvem explicações e justificativas que vão desde as mais ingênuas até as mais superficiais sobre os motivos das enchentes e sobre a forma de acabar com ela ou, pelo menos minimizá-la. É preciso que lembremos que a cidade cresceu. E pior! Cresceu sem nenhum planejamento urbano.
Para que possamos compreender melhor o problema das enchentes de Uberaba, é preciso recorrer à própria história da cidade. Para compreender os motivos da ocorrência do fenômeno das enchentes é necessário que tenhamos humildade para resgatar a memória do município, por intermédio da localização geográfica, do relevo, da vegetação e da própria bacia hidrográfica que banhava o centro da cidade. Ou seja, de posse desses dados histórico/geográficos, é importante que olhemos Uberaba por cima. Aí, é preponderante perguntar: por que a cidade de Uberaba foi conhecida como a “cidade das sete colinas”?
Esta pergunta é simples e a resposta mais simples ainda: É porque a cidade era cercada por, exatamente, sete colinas. Essa pergunta chama outra: e, onde estão essas colinas? Elas foram extintas pela falta de planejamento das atividades agrícolas, elas foram demolidas, rebaixadas, sua vegetação foi totalmente removida. E, qual era, exatamente, a função dessas sete colinas? Essas colinas, cobertas pela vegetação original serviam de anteparo contra grandes volumes d’água, sua vegetação amortecia as águas pluviométricas [da chuva], permitindo que se infiltrasse livremente no solo e não escoasse superficialmente. Sem as sete colinas e sua vegetação, a tendência das águas da chuva [aliás, essa é a tendência de quaisquer escoamentos de água] é escoar das regiões mais altas paras as áreas mais baixas.
Segundo problema: exatamente no centro da cidade de Uberaba, na Avenida Leopoldino de Oliveira existe um ribeirão que foi canalizado. Não é preciso ser nenhum especialista para saber que qualquer recurso hídrico superficial, como rios, ribeirões, córregos e riachos possuem uma bacia de drenagem e uma de inundação, além de um vale por onde escoam as águas e que, servem para comportar o excedente de águas em épocas de enchentes e inundações. Pois bem! O ribeirão foi canalizado, sufocado, seu vale foi ocupado por construções e impermeabilizado por asfalto. Então, quando chove o ribeirão transborda por intermédio dos bueiros.
Terceiro problema: toda a vegetação que circundava a cidade foi removida, para dar lugar a atividades agrícolas. Acontece que esse cinturão verde [de vegetação original] ao redor da cidade auxiliava [e muito] na contenção das águas das chuvas que caíam nas áreas de maior altitude. Além de tudo isso, a vegetação que existia no centro da cidade também foi retirada para dar lugar à impermeabilização asfáltica. E, por falar em vegetação, a cidade de Uberaba figura entre os centros urbanos menos arborizados do país, o que provoca um micro clima denominado “Ilha de Calor”. Outro aspecto que chama a atenção é que uma boa parcela das áreas mais antiga da cidade era pavimentada por blocos de granito ou mesmo de basalto. A existência desse tipo de pavimentação permite que o fluxo d’água infiltre no solo com maior rapidez, o que não ocorre com o asfalto. Esses blocos foram quase que totalmente substituídos por asfalto.
Podemos concluir, assim, que o problema atual das enchentes e inundações no centro da cidade de Uberaba é decorrente de um conjunto de ações erradas realizadas no centro da cidade e no seu entorno. Resumindo; Uma falta total de um efetivo planejamento urbano/ambiental. Uma série de fatores conjugados faz com milhares ou milhões de m3 água sejam despejados na região central da cidade de Uberaba em ocasiões de chuvas intensas e torrenciais, alagando e inundando a região central da cidade de Uberaba.
Então, o que fazer? O poder público está dando mostras claras do que não deve ser feito. De nada adianta aumentar a bitola das manilhas responsáveis pela captação e escoamento das águas das chuvas, como já foi feito algumas vezes. Da mesma forma, de nada adianta construir piscinões e mais piscinões. O problema das enchentes no centro de Uberaba não se resolve com soluções simples de engenharia.
É preciso desocupar o vale do ribeirão, libertá-lo da sua prisão [canalização] e desocupar o seu vale natural. E, para isso é necessário um audacioso projeto de desapropriação das construções que invadiram o espaço do ribeirão à procura de especulação imobiliária. Ao mesmo tempo, é preciso recompor a vegetação do entorno da cidade [através de um estudo da vegetação nativa ali existente] e, por último, é preciso elaborar [e executar, que é o mais importante] um projeto sério de arborização de todo o espaço urbano da cidade de Uberaba, além de estabelecer um limite claro para a localização das atividades agrícolas, uma vez que a plantação de vários produtos, dentre eles a cana-de-açúcar já está quase dentro de nosso quintal. Infelizmente, só temos duas opções: ou se toma essas medidas para , pelo menos minimizar a problemática do excedente de águas, que desce para a região central da cidade, ou estamos fadados a conviver com as enchentes e inundações, que a cada dia se tornam mais graves, perigosas e violentas.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

ENCHENTES E INUNDAÇÕES: O QUE É NATURAL?

Foto: A grande enchente de Santa Catarina (BR)
Por Valter Machado da Fonseca


Mais uma vez, a mídia brasileira volta seus holofotes para o problema das enchentes e inundações em todo o país. Na cidade de São Paulo, as cenas são aberrantes: a água invade as ruas e avenidas, rios e ribeirões transbordam, o lixo invade ruas e praças, árvores tombam sobre veículos, o transporte coletivo urbano para, literalmente. Os picos de energia deixam sem luz grande contingente de pessoas, isso tudo sem mencionar os congestionamentos de trânsito que atingem centenas de quilômetros.
Mas o pior de tudo é a volta de doenças antigas provenientes de insetos, roedores e outras pragas que surgem em decorrência do acúmulo de água contaminada que invade o espaço urbano. O índice de mortalidade em decorrência das enchentes e inundações atinge cifras nunca dantes experimentadas, ou vivenciadas. A mortalidade ocasionada por esses problemas chegou a ser comparada, pelas Nações Unidas, com a perda de vidas em épocas de algumas guerras e conflitos bélicos.
Nas enchentes deste início de 2010, a rede de comunicação, principalmente os jornais e a TV destacaram o transbordamento do “Rio” Tietê e suas consequências, no centro da cidade de São Paulo. O Tietê, que já foi um dos principais rios do país, aparece invadindo ruas e avenidas, “enfeitado” por centenas de sacos de lixo, pneus, garrafas Pets, saquinhos plásticos, dentre inúmeros outros detritos. No meio da água escura e lamacenta [se é que podemos chamar a isso de água], homens mulheres e crianças, numa cena patética e deplorável, lutavam para permanecerem de pé, para não serem levados pela força da enxurrada e da correnteza. Mas, o problema das enchentes não atinge apenas a cidade de São Paulo, ele se espalha pela maioria das grandes cidades brasileiras

Por outro lado, no Nordeste do Brasil a seca castiga e leva à situação de miséria, centenas de pessoas. O Brasil, quase todos os anos, vem sendo marcado por grandes enchentes e inundações no Sudeste, Centro Oeste e no Sul, conjugados por enormes períodos de secas no Nordeste e, pasmem! Há poucos anos vimos, em toda a cadeia da Rede de comunicações, uma grande seca na região Norte, o que provocou um rebaixamento de mais de três metros, das águas dos rios Amazonas, Negro e Solimões.
Aí, a mídia, a ciência, a população perguntam: Serão fenômenos naturais? Será culpa do El NIÑO ou da La NIÑA? Ou, será que esses eventos ocorrem devido à ação humana?
No mundo da ciência, duas grandes correntes defendem suas verdades: a primeira [que por coincidência tem parte de suas pesquisas bancadas pelos EUA] defende a idéia de que é um fenômeno natural: a Terra já passou por eventos desse tipo, antes mesmo da existência do homem na face da Terra [o que é um fato cientificamente comprovado], portanto, é um fenômeno natural, que independe da ação humana. Alguns cientistas chegam a defender que, ao invés de um período de aquecimento global, o planeta, ao contrário, passa por um período de resfriamento.
A outra corrente tenta colocar toda a culpa na ação humana, sem seque ouvir quaisquer outras argumentações. Alguns defendem, inclusive, a idéia da natureza intocada, uma volta ao passado.
Na verdade, quaisquer que sejam as evidências [naturais ou não], não se pode negar a existência das atividades humanas. Assim, mesmo considerando que esse fenômeno tenha ocorrido no passado sem a existência humana, um fato que não pode, jamais, ser desprezado é que o homem existe e está interferindo no planeta e em seus recursos. Neste sentido, o homem entra aí como um elemento de avaliação, uma variável que precisa ser analisada.
É preciso perceber que a ciência não pode se embasar na “Lei das Repetições”: “se aconteceu no passado desta forma, no presente é a mesma coisa”. Pensar dessa forma é, no mínimo, possuir uma miopia de conhecimentos, é desprezar a cadeia e a teia da vida. Por outro lado, pregar uma volta ao passado também é se apoderar de uma miopia de raciocínio, afinal não se deve negar o avanço técnico e desprezar o bem estar construído pela história da humanidade.
O problema das enchentes e inundações requer um olhar apurado, no qual se leve em consideração a análise de um conjunto de fatores interligados e conjugados. É preciso interpretar a forma com que o homem tem se relacionado com a natureza, ou seja, analisar a relação sociedade/natureza. É necessário, sobretudo, investigar como o homem tem ocupado o espaço urbano, como se dá o processo de urbanização, não somente no Brasil, como em todo o planeta.
Como se pretende combater o problema das enchentes se existe o desmatamento dos cumes de morros e montanhas, o cume de colinas, a impermeabilização de fundos de vales, a canalização de córregos, rios, riachos e ribeirões, combinada com a impermeabilização e ocupação desordenada de suas bacias de drenagem e de inundação. Como se quer combater esse problema se o homem continua a concentrar todas as suas atividades [e sem nenhum planejamento urbano/ambiental] nas grandes cidades e metrópoles, deslocando dessa forma o equilíbrio ambiental e energético dessas localidades.
Para enfrentar essa problemática, o homem precisa, urgentemente, repensar e planejar suas ações sob pena de ver, em pouco tempo, o planeta se inundar por completo, afogando definitivamente, a espécie humana que tanto o tem prejudicado.