terça-feira, 21 de maio de 2013

Para onde caminha a universidade brasileira?

Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca (2012)        Fonte: arquivo pessoal
Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*
Há poucos dias atrás, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) fez veicular na Internet uma nota contra uma possível lei federal que eximiria os candidatos a professores nas universidades da titulação (mestrado e doutorado) para a docência na Educação Superior (graduação). Isto significaria dizer que bastaria o diploma de graduação para que o profissional pudesse exercer a profissão docente nas universidades públicas brasileiras. Hoje (21/05/2013), no principal jornal da TV brasileira, outra notícia também foi destaque: segundo o telejornal, haverá uma expansão, nunca dantes vista, do número de vagas para o ingresso na universidade pública brasileira, em função do processo de cotas estabelecido pelo governo federal. Aí, ficamos escandalizados com tais afirmações e indagamos: para onde caminha a universidade pública brasileira? Com certeza caminha totalmente na contramão da tendência das maiores e melhores universidades do mundo. Enquanto esta tendência medíocre continuar, o Brasil continuará a não constar nem entre as primeiras 500 melhores universidades do planeta.
É interessante observarmos que a nossa universidade pública está se transformando num verdadeiro “colegião”, um continuum do Ensino Médio. Enquanto nas principais universidades do mundo se luta em defesa da formação de sujeitos que sejam capazes de pensar a sociedade e o mundo; na contramão desta lógica, a universidade brasileira luta pela formação de meros técnicos para atender ao mercado de trabalho. E, o pior de tudo! Técnicos em nível de Ensino Médio e com tecnologia copiada do rejeito tecnológico das grandes universidades estrangeiras. Aquilo que elas descartam, pois já está superado, ultrapassado, o Brasil copia e “enfia goela abaixo” dos nossos jovens estudantes. E tudo se justifica na perseguição de metas traçadas pelos detentores do poder econômico, visando à produção de pseudocientistas (mão de obra barata), cuja única função é auxiliar na propagação dos lucros dos megagrupos financeiros e econômicos mundiais e/ou de uma elite urbana/industrial que se julga juíza suprema da humanidade.
Enquanto tudo isso acontece, os grandes estudiosos e pensadores nacionais têm que sair do país para pesquisar, pois a nossa universidade pública se transformou num grande colégio, travestido de Ensino Superior, que desenvolve algumas pesquisas banais em função dos grandes grupos econômicos inter/multi/transnacionais que assumiram, literalmente, o controle das Instituições de Ensino Superior em nosso país. Na verdade, a “Fuga de cérebros” é comum em nosso país desde os tempos da “Primeira República”. Não está distante o dia em que para ministrar aulas nos programas de mestrado/doutorado bastará ao candidato possuir um título qualquer de graduação.
Pasmem! Caros (as) Leitores (as)! Mas, é exatamente para esta direção que os pensadores da educação brasileira estão marchando. Marcham rumo à banalização total da educação, do ensino e do conhecimento. Estes senhores, em nome de um democratismo barato, destroem e banalizam o verdadeiro papel e a verdadeira função de nossa universidade pública. Na verdade nem pública elas já não são. No máximo são universidades do Estado e do grande capital transnacional. Tomara que algum dia, mesmo que seja num futuro distante, tenhamos orgulho de bater no peito e dizer em alto e bom som: ESTE É O NOSSO BRASIL! ESTA É NOSSA UNIVERSIDADE!


* Escritor, geógrafo, Mestre e Doutor pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Professor e pesquisador da Universidade de Uberaba (UNIUBE). pesquia.fonseca@gmail.com

sexta-feira, 17 de maio de 2013

DESENCANTO DO CRIADOR COM A CRIATURA

Prof. Dr valter Machado da Fonseca (2013)          Fonte: Arquivo pessoal.
Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*
A história da arte serve muito bem para mostrar os diversos estágios do criador com sua criatura. Todo criador sempre tem em mente a criação de algo que seja perfeito, que reflita sua incompletude humana, ou ainda, que venha ser, para ele, o modelo definitivo entre a essência em toda sua beleza e o conteúdo em toda sua riqueza, em toda sua densidade harmônica de todos os valores significativos do mundo enquanto reflexo do completo estágio criativo da liberdade humana, no mais íntegro sentido da palavra.
Em verdade, todo criador procura pela construção de uma criatura que seja, em última instância, o reflexo de um mundo imaginado e criado por ele, que seja capaz de refletir todos os dons mais sublimes da criação da mente humana. Assim, na maioria das vezes, ele passa toda sua existência em busca da criatura perfeita, plena, completa, que por vezes, seja capaz de superar o próprio criador.  Mas, também na maior parte das vezes, a criatura decepciona o próprio criador.
Do encanto ao desencanto!
Porém, muitas vezes a criatura é capaz de dissimular e maquiar os valores a ela conferidos pelo criador. À primeira vista, parece mesmo corresponder à perfeição do modelo pleno, imaginário, essência maior do cérebro do artista, do criador. Mas, às vezes a própria criatura se deixa contaminar pelas imperfeições do mundo, do submundo, e até mesmo de mundos ilusórios, irreais, banais e artificiais, configurados pelas imperfeições e dissimulações daqueles que borram e rabiscam a arte. Para esses, a arte é uma afronta à moral imoral dos valores ilusórios e fictícios. Esses têm medo do belo, de um modelo que pode combater a ausência de essência: preferem a forma ao conteúdo, valorizam a pseudo-estética e ignoram a verdadeira ética. São esses que criam a aberração, constroem monstros e corroem e assassinam a beleza da arte. Quando a criatura incorpora estes valores, todo o esforço e todo o trabalho do criador se anulam, são violados e sacrificados em favor da antiestética, da essência oca, opaca e fictícia.
Aí, neste momento o criador se definha, perde o poder da criação. Já não pode recomeçar uma nova empreitada em busca de outra criatura. O criador foi corroído por sua própria criação. Então, neste estágio, o que fazer? Nestas condições já não se pode fazer mais nada; o encanto se transforma em desencanto, a mentira superou a verdade e a dissimulação venceu a pureza da essência da arte. Ai, neste instante já não se pode mais fazer nada, pois, neste exato instante se consolida a morte do criador. A criatura destruiu o criador.
Assim, toda criação carrega consigo uma alta dosagem de destruição, a ética traz em seu bojo a antiética, a estética traz a antiestética, a essência pode também estar vazia de conteúdo. Assim, a nobre arte da criação pode trazer em suas entranhas, o disforme monstro que pode, enfim, transformar o encanto em desencanto e a criatura poderá ser capaz de destruir, totalmente, seu criador.  Aí sim! Será o findar do estado da arte do criador diante do desencanto de sua própria criação.        


* Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Docente e pesquisador da Universidade de Uberaba. pesquisa.fonseca@gmail.com

sexta-feira, 10 de maio de 2013

ALÉM DO HORIZONTE DEVE TER...

Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca (2013)

Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*
Além do horizonte deve ter algum lugar bonito para se viver em paz! Este primeiro verso da canção de Roberto Carlos serve perfeitamente para iniciarmos o assunto desta matéria. Quando olhamos a Terra do espaço sideral vemos como ela é azul. Isto porque sua maior parte é recoberta por água. Mas, quando a observamos um pouco mais de perto, verificamos que ela já não é tão azul assim. Isto porque, em pouco mais de 100.000 anos, o homem já está conseguindo, sem muito esforço, descolori-la, torná-la bem mais próximo do cinza e do marrom. Do cinza, devido à quantidade de poluentes lançados à atmosfera diuturnamente, sem interrupção, sem medir as consequências. Do marrom, devido à enorme de áreas desmatadas, também diuturnamente, de forma despreocupada, levando extensas quantidades de solos para o estágio de desertificação.
E as águas? Em que estado elas estão?
As águas, essência da existência e continuidade da vida estão, cada dia mais poluídas, cheias de detritos, de coliformes fecais, de todos os tipos de efluentes: líquidos e sólidos, domésticos e industriais, de resíduos tóxicos, de metais pesados. No interior da Floresta Amazônica, a maior floresta tropical do globo, as atividades ligadas à indústria da mineração lançam constantemente imensas quantidades de mercúrio nos corpos d’água de superfície, contaminando extensos e importantes mananciais. Assistimos há pouco tempo atrás, à gigantesca mortandade de peixes no Rio Negro, Solimões e Amazonas, em decorrência da prática descontrolada do garimpo do ouro e de outras atividades ligadas à mineração.
É fato que a água do planeta não vai acabar pelo menos por enquanto. Isto porque a quantidade de água no planeta Terra é constante em virtude do “Ciclo da Água”, que define a sua constância por intermédio do fluxo de evaporação e precipitação, dentre outros fatores. Mas, o grande problema reside no fato da insistência na contaminação despreocupada dos mananciais de água potável. Somente o Brasil, possui 12% da quantidade de água potável do mundo. Há que se destacar que o Aquífero Guarani, o maior reservatório de água subterrânea possui 60% de sua capacidade em subsolo brasileiro.
Por outro lado, no Norte da África, Ásia Central e região do Oriente Médio, a água é um recurso natural extremamente escasso. Então podemos dizer que vivemos num país imensamente privilegiado por dois motivos básicos: pela quantidade de energia solar devido à nossa privilegiada posição geográfica (região intertropical) e pela enorme (pelo menos por enquanto) quantidade de água potável disponível para o consumo humano. Mas, enquanto isso o homem continua descolorindo a Terra, tornando-a menos azul e mais marrom/acinzentada. Talvez, daqui a alguns anos tenhamos que repetir a frase do Roberto: “além do horizonte deve ter algum lugar bonito para se viver em paz, onde se possa encontrar a natureza e escutar o canto dos pássaros”.         



* Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Docente e pesquisador pela Universidade de Uberaba. pesquisa.fonseca@gmail.com  


domingo, 5 de maio de 2013

Professores da UNIUBE defendem trabalho em congresso de Havana (Cuba)


Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Por NEEFICS
Os Professores MS. Tiago Zanqueta de Sousa e Dr. Valter Machado da Fonseca, docentes do curso de Engenharia Ambiental da Universidade de Uberaba, tiveram seu trabalho aprovado no IX congresso Internacional de Educação Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável e IX Convenção Internacional Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, organizado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia e Meio Ambiente da República de Cuba.
O evento ocorrerá entre os dias 8 e 12 de julho, em Havana, capital da República de Cuba. O Prof. Tiago Zanqueta irá a Cuba defender o trabalho intitulado “ATORES DA EDUCAÇÃO SOCIOAMBIENTAL: POLÍTICAS PÚBLICAS, ONGS E O MUNICÍPIO EDUCADOR, de autoria dos dois professores”. Os professores Zanqueta e Fonseca afirmam que é extremamente significativo ter um trabalho aprovado num evento internacional desta magnitude e será também extremamente importante o fato de levar os conhecimentos produzidos na Universidade de Uberaba para a esfera internacional. 

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Professor disserta sobre “A dinâmica dos ecossistemas”


Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca

Por NTV

O Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca, docente da Universidade de Uberaba, iniciou pesquisa inédita denominada “A dinâmica dos ecossistemas”. Ele fala um pouco sobre o contexto da pesquisa. Segundo o professor, as reuniões internacionais do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) têm sido marcadas pelo debate acerca da interferência ou não das ações antrópicas sobre as mudanças climáticas em curso no atual período da humanidade. Ele enfatiza que não se trata de demarcar uma posição política sobre tal questão, mas, sobretudo, de analisar o fenômeno das transformações e alterações climáticas à luz das diversas variáveis que, por ventura, tenham interferência nos eventos climáticos mundiais, que tanto têm angustiado a humanidade e a ciência nos tempos d’agora.
Fonseca observa que esta discussão serve como um grande divisor de águas em torno das grandes questões climáticas, que mobiliza a ciência e a humanidade nos tempos presentes. Mas, segundo o professor Valter, a resposta que precisa ser dada é uma imensa responsabilidade e um grande desafio para a ciência moderna e ela (ciência) não pode se eximir de tal responsabilidade. É preciso analisar os limites dos ecossistemas, seu déficit energético em função da grande quantidade de atividades humanas, as quais são amparadas por fortes tecnologias que não levam em conta estes limites. Na verdade, afirma ele, quando falamos de energia dos ecossistemas, é necessário que levemos em consideração que existe um limite energético para a realização de atividades antropogênicas em seu interior. É preciso que percebamos que os diversos ecossistemas que compõe o “todo” planetário possuem conexões e interligações que os mantêm unificados para a formação desta totalidade denominada “Planeta Terra”.
Para que se percebam estas ligações fundamentais em níveis de energia (que vai desde as partículas elementares, até as estruturas macroscópicas) nos diversos níveis de funcionamento dos ecossistemas é fundamental que o pesquisador se valha de uma visão periférica e ao mesmo tempo particularizadora tanto das partes, das conexões entre elas, bem como da totalidade por elas formada (a Terra e o universo em seu redor). É preciso compreender que os níveis de energia se estabelecem desde os níveis moleculares, atômicos (e até mesmo nas partículas subatômicas) até os níveis macroscópicos da constituição dos corpos celestes no universo. 
Compreender esta dinâmica demanda o deciframento dos elementos que se interrelacionam e se entrelaçam para formar as conexões entre os diversos ecossistemas que compõem a unidade planetária. Perceber esta dinâmica reclama um olhar astuto sobre os diversos níveis energéticos existentes no interior dos ecossistemas, bem como seu comportamento quando pressionados por quaisquer forças em suas estruturas internas. Então, compreender “A dinâmica dos ecossistemas” que compõem esta totalidade planetária requer o estudo do comportamento energético das partículas elementares que compõem as estruturas e macroestruturas, bem como do fluxo energético que as unificam. Demanda ainda a compreensão da quantidade de energia perdida sob a ação das forças que provocam o desequilíbrio energético desses ecossistemas.  
Para dar suporte a esta investigação, os estudos de Albert Einstein e os Princípios da termodinâmica são ferramentas essenciais. Em verdade, a pesquisa “A Dinâmica dos Ecossistemas” pretende decifrar os elos energéticos que os unificam. Apesar de a ideia matriz ser aparentemente simples, os desdobramentos de tal investigação são extremamente complexos, explica o Prof. Valter Fonseca. Para tanto, além das metodologias próprias das ciências naturais, o Prof. Fonseca pretende utilizar o método da “teoria da Complexidade” de Edgar Morin (própria das ciências sociais), como matriz metodológica dorsal para nortear a pesquisa. Fonseca explica que é preciso decifrar as zonas de incertezas do conhecimento científico, observando-se sempre a relação todo/partes, além dos elos que unificam e entrelaçam as diversas partes componentes do todo (o planeta, o universo). Ele acredita que somente desta forma será possível realizar a leitura correta dos elementos (que vão do micro ao macro cosmos), portanto, afirma o professor, a comprovação desta tese passa, fundamentalmente, pela desconstrução/reconstrução dos aspectos, elementos e fatores que compõem o objeto central da investigação.    
Felizmente, a mesma ciência que cravou sua marca no atual período histórico por produzir diversas aberrações, também produziu conhecimentos importantes que se bem usados, poderão fornecer importantes informações para a leitura correta dos ecossistemas terrestres, suas conexões e seu comportamento diante do desequilíbrio energético provocado por tecnologias descompensatórias e irresponsáveis. Assim, compreender “A dinâmica dos ecossistemas” pode apontar as respostas que as discussões acerca das alterações climáticas tanto reclamam. Os resultados futuramente advindos da pesquisa em curso podem trazer respostas, benefícios e conclusões surpreendentes para a ciência e o conjunto da humanidade, conclui o professor Fonseca.