domingo, 11 de dezembro de 2011

Curso de Geologia e Paleontologia de Peirópolis vai virar livro


Por NEEFICS


O Professor MS. Valter Machado da Fonseca





Geógrafo, mestre e doutorando pela Universidade Federal de Uberlândia/MG – (UFU) e docente da Universidade de Uberaba (UNIUBE), idealizou e ministrou um curso de extensão em Geologia e Paleontologia, envolvendo os aspectos da bacia fossilífera do Sítio Paleontológico de Peirópolis, bairro rural da cidade de Uberaba, estado de Minas Gerais. O evento foi uma realização do curso de Engenharia Ambiental da Universidade de Uberaba, com o apoio fundamental do seu diretor Prof. Dr. André Fernandes. O curso recebeu ainda o importante apoio do Programa Institucional de Atividades Complementares (PIAC/Uniube).

O curso foi intitulado “Analisar o presente para compreender o passado: um estudo geológico, paleontológico e paleoclimático do Sítio Paleontológico de Peirópolis – Uberaba/MG foi totalmente apostilado e, as apostilas foram elaboradas pelo Prof. Valter Machado da Fonseca e são frutos de intensas pesquisas, por ele realizadas sobre o assunto. O professor Valter Fonseca explica que a elaboração do material didático foi uma tarefa trabalhosa e complexa. Assim, a proposta não foi a de realizar apenas mais um curso na área de Geologia e Paleontologia, mas, tratou-se fundamentalmente, de se organizar um curso que busque elementos e aspectos inéditos, pois, a proposta visa à reconstituição dos aspectos paleoclimáticos e paleogeográficos da região de Peirópolis da época do Cretáceo Superior (período entre 60 e 70 milhões de anos atrás). Realizar uma tarefa como esta, nos moldes a que o curso se propõe é, de fato, um desafio a ser superado. E, esta superação só foi possível graças a uma intensa e detalhada pesquisa bibliográfica dos mais diferentes trabalhos produzidos pela literatura científica sobre as atividades desenvolvidas no Centro Dr. Llewellyn Ivor Price. Isto demandou um dispendioso tempo de pesquisas meticulosas e arduamente trabalhadas.

O Prof. Valter Fonseca destaca a importância do trabalho árduo e profícuo do Professor Luís Carlos Borges Ribeiro e toda sua equipe. Afirma que se não fosse os trabalhos de Ribeiro e sua equipe, talvez o Complexo Científico de Peirópolis nem existisse e que o local provavelmente seria explorado apenas comercialmente, do ponto de vista simplesmente turístico. Ele reafirma que nada possui contra a exploração turística do local, mas declara que isto pode ser feito aliado à exploração do grande acervo científico da localidade. Acredita que desprezar o grande potencial de indícios e informações científicas seria até um crime contra a humanidade e a comunidade científica em geral.

O Prof. Valter Machado se surpreendeu com o material de pesquisa que deu origem às apostilas do curso. O conjunto de quatro apostilas reuniu pesquisas e textos inéditos (do próprio Prof. Valter) de temas que foi da Geologia Geral, passando pela Paleontologia a elementos de Astronomia, Paleogeografia e Paleoclimatologia. Na verdade, a tentativa de reconstituição do paleoambiente de Peirópolis no Cretáceo Superior, acabou por produzir um farto e inédito material. Diante disso, o Prof. Valter resolveu organizar todo esse material em um livro com quatro capítulos, seguindo a mesma sequência dos assuntos e temas tratados no curso. A publicação deste livro está sendo negociada junto à editora da Universidade Federal de Uberlândia (EDUFU) e tem previsão de lançamento para o início do ano de 2012 (primeiro semestre). Além da EDUFU, existem mais três editoras (todas de São Paulo) interessadas em publicar a obra.

Por fim, o professor afirma que a produção deste livro acerca dos aspectos da Geologia Geral e Regional, bem como de aspectos da Paleontologia, Paleoclimatologia e Paleogeografia da região de Peirópolis, além de se constituir em importante colaboração para a comunidade científica, em especial a parcela que se interessa pelo estudo dessa temática, é, sobretudo, uma forma de homenagear a todos que lutaram (e lutam) pela construção e preservação do Complexo Científico do Sítio Paleontológico de Peirópolis, a exemplo do Prof. Luís Carlos Borges Ribeiro e toda sua equipe


terça-feira, 2 de agosto de 2011

CHAMADA DE REUNIÃO DO NÚCLEO DE ESTUDOS EM EDUCAÇÃO, FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS DO TRIÂNGULO MINEIRO (NEEFICS)

Por NEEFICS

Caros amigos e amigas!

Por motivos diversos, neste ano de 2011 o Núcleo de Estudos em Educação, Filosofia e Ciências Sociais (NEEFICS) ainda não fez nenhuma reunião. Diante disso, estamos convidando vocês pra a 1ª Reunião do NEEFICS neste ano de 2011. Estamos propondo a realização desta reunião no dia 27 de agosto (sábado), às 14h: 00min na biblioteca Municipal Bernardo Guimarães. Devido à ausência de reunião por este longo período, estamos propondo a seguinte pauta:

1) Balanço do NEFICS;

2) Novos rumos para o grupo de estudos: eleição de nova coordenação e demais funções;

3) Novas propostas de estudos e novo cronograma de funcionamento;

4) Funcionamento do BLOG e Criação da Revista eletrônica do NEEFICS.

Desde já, agradecemos e contamos com a participação de todos (as)!

Um abraço;

Prof. Valter Machado da Fonseca P/NEEFICS.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Novo Código Florestal: ética ambiental x impunidade

Por Valter Machado da Fonseca

A votação do novo Código Florestal é manchete nos principais meios de comunicação brasileiros nos últimos dias. Como sempre ocorre com os debates ambientais neste último período, o que está como principal foco das discussões e debates não é a apresentação de propostas eficazes que possam dar conta dos principais problemas ambientais, que tanto tem preocupado a população, mas as discussões se centram em como burlar a legislação ambiental para proteger os infratores que cometem inúmeros crimes ambientais pelo país afora. Aliás, as ausências de uma política fundiária, séria e eficaz, de fiscalização e combate aos crimes ambientais [em especial nas grandes áreas de desmatamento e queimadas], de punição dos principais responsáveis pelos desmandos ambientais, conjugadas com ações efetivas de implantação de nossa legislação ambiental [por sinal, uma das melhores do mundo no papel], tem sido a marca da incompetência de todos os governos [em todas as esferas] nos últimos tempos.

Pelo que estamos acompanhando por intermédio da mídia, os debates estão centralizados não em combater os desmandos ambientais, mas em como fazer concessões para anistiar os infratores em função de argumentos como o aumento da produção agropecuária brasileira. Esta é a tônica dos principais discursos no Congresso Nacional. Presenciamos um enorme esforço por parte da bancada ruralista [e seus apoiadores] em construir um discurso de defesa dos infratores ambientais, escondido atrás da argumentação de que “esses senhores” [infratores] sempre contribuíram para o fortalecimento da economia e da produção agrícola brasileira. Tentam, com todos os argumentos possíveis [e até impossíveis] transformar criminosos em heróis nacionais, aliás, esta estratégia sempre fez parte da história oficial do Brasil.

Ora! Caros leitores! Observando a maioria das potências capitalistas atuais observamos que o aumento da produção agrícola não se mede pelo aumento da quantidade de terras nas mãos dos fazendeiros e grandes grupos e/ou corporações multi/transnacionais. Não se mede a produção agrícola com concentração de terras nas mãos de poucos, pelo tamanho do latifúndio. Ao contrário, na imensa maioria dos países ditos “desenvolvidos” não existem grandes propriedades e estabelecimentos rurais, mas sim pequenas propriedades altamente produtivas. A eficácia da produtividade agrícola se consegue com tecnologias apropriadas utilizadas, verticalmente, em pequenas propriedades e não com o aumento exponencial da quantidade de terras, ou seja, com a abertura interminável de novas fronteiras agrícolas, exterminando com os principais recursos naturais dos principais biomas do país. Haja vista que estudos apontam que investidores estrangeiros da especulação imobiliária são “donos” de quase 1/5 [um quinto] da nossa Amazônia.

Na verdade, os principais discursos em prol do meio ambiente no Brasil trazem em suas entrelinhas interesses particulares ou de estratégias protecionistas a grupos multi/transnacionais ou de grandes latifundiários que usam a terra apenas com fins especulativos. Não dá para entender um país com tamanha quantidade de terras férteis, de dimensões continentais, com parte significativa de sua população em condições precárias de sobrevivência, abaixo da linha de pobreza e passando fome. Portanto, as discussões em torno das temáticas ambientais deveriam se orientar em torno da aplicação efetiva de nossa legislação ambiental, aliada a uma política fundiária justa e efetiva, embasada em pequenas propriedades rurais e não em políticas protecionistas aos latifundiários e especuladores, que são os verdadeiros responsáveis pelos desmandos contra o meio ambiente no país. Aliás, esta discussão que aflorou a partir do novo Código Florestal só serviu para mostrar que o Estado brasileiro e os grandes grupos econômicos não têm qualquer interesse pelo tal “desenvolvimento sustentável” e que este discurso não passa de uma grande falácia. As grandes temáticas ambientais, no fim das contas, são utilizadas em conformidade com os interesses dos grandes infratores ambientais no Brasil, seja no campo, seja na indústria.

sábado, 7 de maio de 2011

Aconteceu de 04 a 06 de maio de 2011 a Regional da SBPC em Catalão/GO

Prof. Valter Machado da Fonseca durante o minicurso

Por NEEFICS

Foi realizada na semana de 04 a 06 de maio de 2011 a Reunião Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na cidade goiana de Catalão. Esta reunião teve o caráter preparatório para grande Reunião Nacional da SBPC que ocorrerá em meados de julho na cidade de Goiânia, capital do Estado de Goiás. Sob o tema geral “Ciência e Tecnologia para a Agricultura, a Pecuária e a Mineração do século XXI”, a Reunião Regional de Catalão contou com, aproximadamente, 2600 participantes e foi considerada um sucesso pelos organizadores do evento. O evento científico foi marcado por debates sobre o Cerrado, mesas redondas sobre diversos assuntos ligados à temática, Conferências e minicursos, todos os debates relacionados à discussão que envolve o estudo sobre o atual estágio de degradação e conservação do Cerrado brasileiro.


O Prof. Valter Machado da Fonseca, Geógrafo, mestre e doutorando em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia, ministrou o minicurso “O Cerrado brasileiro antes e depois da fronteira agrícola”. O minicurso fez uma relevante discussão que envolveu os aspectos relacionados técnicos, econômicos, culturais, sociais e ambientais ligados ao Cerrado brasileiro. O Professor Valter Fonseca fez um recorte histórico que abordou aspectos relativos às formas de ocupação do Cerrado pré-histórico, passando por aspectos que caracterizou a ocupação recente deste importante bioma, até os dias atuais. O minicurso procurou enfatizar o debate transversal, numa visão contextualizada e crítica sobre o processo de ocupação do Cerrado brasileiro, bem como seu atual estágio de degradação e conservação. Ao final do minicurso, forma apresentadas e debatidas propostas visando à minimização dos impactos ambientais sobre o bioma e dos impactos culturais e sociais sobre a população cerradeira, em decorrência da ocupação desordenada deste importante ambiente.


O professor Valter Machado da Fonseca, que também é membro do NEEFICS, foi convidado a ministrar outro minicurso na Reunião Nacional da SBPC em Goiânia, em meados do mês de Julho. Ele acredita que o evento foi muito relevante e deu passos significativos para a implementação de propostas com vistas à minimização dos impactos sobre o Cerrado brasileiro.

terça-feira, 19 de abril de 2011

A PAISAGEM DA JANELA




Por Valter Machado da Fonseca

Na estrada de terra, empoeirada, esburacada
Vai o ônibus lento fugindo dos buracos traiçoeiros
Da janela o homem de pele morena, cabelos grisalhos
As rugas na testa, nos cantos da boca os sulcos do tempo
Seus olhos cansados, ainda conservam o brilho suave
Dos tempos passados, da esperança que ainda resiste

Da janela estreita do velho ônibus, observa a paisagem
Às vezes de verde exuberante, às vezes árida, sombria, vazia
Ao longe nuvens esparsas pintam o azul do céu de outono
Os olhos cansados, fitos no infinito observavam com cuidado
À procura de algo novo, de algum detalhe que relembre o seu passado

Da janela do ônibus, observa ao longe o velho casebre
Imagina as pessoas que teriam a coragem de habitá-lo
Ao redor da casa o cão vadio, magro, sem forças pra latir
Reflete a condição de penúria, talvez fome e miséria
Daqueles que ali vivem, talvez, apesar de tudo felizes
Talvez esperando a chuva, trazendo com ela a flor da primavera

Da janela do ônibus empoeirado, o homem pensa na vida
Relembra o passado, os momentos felizes, o prazer da infância
Relembra o carrinho dos amigos e das mulheres que passaram
Os tempos tristes, as angústias e os sofrimentos que ficaram
A vida, pensa ele: é como a estrada, está em movimento
Alternam paisagens alegres, às vezes tristes como um lamento.

Dentro do ônibus um pequeno grupo de viajantes
Cada um com seu pensamento, com sua alegria, com sua aflição
Todos nas janelas, observam a paisagem, forçam a visão
Será que todos eles vêem a mesma paisagem sempre fixa?
Talvez, arbustos em seus pensamentos, trancados na intimidade
Nem notem o cão magro, o velho casebre com dignidade

Da janela do velho ônibus em constante movimento
A paisagem lá fora é a aquarela que mancha a tela
Da pintura do mundo, imundo, às vezes árido, às vezes fecundo
A velha aquarela, manchada, desbotada, só velho cão
É o reflexo da vida, sofrida, abalada, reflexo do mundo
O homem na janela do ônibus, talvez seja apenas o reflexo da solidão.

sábado, 2 de abril de 2011

O pão nosso de cada dia (1)

Por Prof. Ms. Valter Machado da Fonseca
Há dias atrás, o JM publicou um artigo de minha autoria intitulado “A mídia e o veneno que nos servem à mesa”, que fez muito sucesso. Prova disso é a quantidade de e-mails que recebi de diversas partes do país e até do exterior (Portugal, Argentina, Espanha). O objetivo desse artigo não é discutir o sucesso de meu texto. Citei o fato, pois ele nos remete a algumas importantes reflexões. Os e-mails recebidos mostram a relevância do tema “saúde”. “obesidade”, “alimentação saudável”. Demonstram ainda a preocupação de parte da população [que não aparece nas estatísticas oficiais] em relação à saúde. Então, resolvi dar continuidade às reflexões sobre esta relevante temática. Enviarei ao JM uma série alternada de contribuições sobre este assunto.
Hoje tratarei de um assunto bastante polêmico e que vem sendo, sistematicamente, discutido nas grandes rodas de pesquisas científicas das áreas de saúde humana: a transgenia ou melhoramento e/ou clonagem de espécies vegetais e animais. Nas últimas décadas, o avanço das técnicas de engenharia genética colocou em foco a questão da transgenia, isto é, a produção de organismos geneticamente modificados (OGM). Um OGM é um ser vivo obtido ao introduzir-se, em uma espécie biológica, de forma estável e hereditária, um gene mediante mecanismos de DNA recombinante, o que implica no fato de que, pela primeira vez na história, a transmutação de genes permitiu romper a barreira entre as espécies.
O Conselho de Informação sobre Biotecnologia – CIB (2004) informou que, em 1994, o primeiro transgênico chegou às prateleiras dos supermercados: um tomate, desenvolvido para ter mais sabor do que o comum e suportar maior tempo de armazenamento. No ano seguinte, a primeira variedade de soja transgênica foi introduzida no mercado. Estas evidências mostram somente a “ponta do iceberg”, hoje, além do tomate e da soja, diversas espécies geneticamente modificada têm sido colocadas nos varejões e prateleiras dos supermercados à disposição dos consumidores. Grande variedade de produtos “vistosos e bonitos” é colocada, diariamente, à nossa disposição no mercado, a exemplo de hortaliças, legumes, grãos e carnes de todos os tipos. Agora, além de nos preocuparmos com os herbicidas/pesticidas lançados sobre os alimentos e depois infiltrados no solo contaminando-o juntamente com as águas, temos que nos preocupar ainda com aquilo que a gente não vê, pois ocorre em nível de DNA: a transgenia de alimentos.
E, por trás de todas essas experiências, da qual as cobaias somos nós mesmos, existem os grandes grupos multi/transnacionais que ficam, cada dia mais, bilionários à custa dessas experiências com a saúde humana. Eles controlam todo o processo produtivo da indústria agronômica, farmacêutica e de alimentos. Os pequenos produtores ficam à sua mercê, pois dependem deles para a aquisição de sementes [já que não adianta selecionar os grãos, pois eles não têm mais potencial germinativo], aquisição de insumos, pesticida, herbicidas, dentre outros agrotóxicos.
Isto impede que os pequenos produtores pratiquem a agricultura de subsistência e/ou familiar, devido ao grande cartel oligopolista, formado pelos gigantes genéticos, os quais estipulam preços incompatíveis com as práticas dos pequenos produtores, uma vez que esses preços são estabelecidos para atender a realidade da monocultura voltada para a exportação. Enquanto o homem brinca com pesquisas sérias, em troca do lucro, nós assistimos à volta de doenças antigas e o surgimento de novas. Assim, vamos deixar para os nossos filhos e netos um monte de doenças, alimentos artificiais e pragas, decorrentes da ganância humana, muitas vezes chamada, equivocadamente, de “progresso e desenvolvimento”. Neste sentido, alguns poucos grupos ganham fortunas à custa do sofrimento, miséria e morte de grande parcela da população, principalmente os mais humildes.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Será que só eu vi o que aconteceu no Japão?

Prof. Ms. Valter Machado da Fonseca
No ano de 2010 o mundo, literalmente, foi balançado pelo terremoto no Haiti. Caiu a mascara que muitas nações queriam ocultar: com aquele terremoto, a natureza sabiamente mostrou a todo o planeta a nudez horrenda da desigualdade social que marca a sociedade moderna em estado de total necrose. A natureza mostrou os horrores de uma população que clamava por socorro: uma população morta de fome, onde as mães tentavam enganar a fome das crianças com tortilhas de barro.
Ainda em 2010, a natureza voltou a se manifestar no Chile, com outro grande evento sísmico. Centenas de pessoas pereceram vitimadas pelo terremoto chileno. A natureza resolveu mostrar toda sua ira neste ano de 2010: foram grandes catástrofes por diversas regiões do planeta, como a maior nevasca da história da França, a grande nevasca de Nova York, os grandes tornados nos EUA, enchentes violentíssimas na China, na América Central, na Ásia, no Brasil, além de furacões, maremotos, chuvas de granizo, grandes secas em regiões que são tipicamente úmidas. Enfim, a natureza está mostrando indícios de alguma coisa, está nos dizendo que alguma coisa vai muito mal.
Ao assistirmos aos noticiários vemos a mídia tratar essas questões como perfeitamente normais. As notícias são transmitidas com a maior naturalidade, como se nada estivesse ocorrendo. Como se o fato de crianças [seres humanos] comerem barro, para saciar a fome, fosse algo tipicamente normal. O que tem sido feito pelo povo haitiano, agora que os holofotes mudaram seu foco?
A natureza mostrou que é altamente democrática: primeiro ela voltou sua ira contra a população paupérrima do Haiti, depois ao povo chileno. Agora, contra o povo mais desenvolvido, tecnologicamente falando: o povo japonês. O terremoto no território japonês foi um evento natural, em decorrência da acomodação de placas tectônicas. As vítimas deste evento sísmico já ultrapassam 11.000. Este evento de grande magnitude [o maior ocorrido no Japão] deslocou o eixo da Terra em alguns graus [o que equivale a alguns centímetros]. Parece uma coisa irrisória, mas, na verdade isto é o indício mais forte e mais significativo que o planeta nos fornece, o que significa que a natureza está dizendo que algo grandioso está para acontecer neste período geológico.
Mas, o que considero mais grave, em que pese o sofrimento de todas as famílias vitimadas pelo evento sísmico no Japão, foi o que ocorreu depois dele: o abalo das estruturas do grande complexo nuclear japonês, deixando totalmente exposto o núcleo de plutônio do reator 3 [três]. É bom ressaltar que o plutônio é um elemento altamente radioativo. Ironicamente, foi o mesmo utilizado pelos EUA em suas bombas atômicas, lançadas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, na 2ª Guerra Mundial. O plutônio exposto está emitindo partículas radioativas para a atmosfera e para os corpos d’água, que já estão contaminados em mais de 2000 vezes acima dos índices aceitáveis. Além disso, as partículas radioativas na corrente atmosférica já atravessam o Oceano Pacífico em direção à Europa.
E, mais uma vez, a mídia trata a questão com inigualável naturalidade: talvez seja para não expor as contradições que movem o atual modelo econômico de produção, demonstrando que o motor do sistema capitalista está em total estágio de putrefação. Afinal, este sistema precisa da desgraça humana para sobreviver. Com os terremotos, a natureza demonstra o que pode fazer com a humanidade. Ela não precisa da raça humana para continuar existindo, muito pelo contrário, talvez ela viva melhor sem a espécie humana. E, finalmente, neste terremoto, o homem mostrou, por intermédio da imprudência nuclear, o que ele pode fazer contra si mesmo.

sábado, 12 de março de 2011

A TERRA “EM TRANSE” SACODE O JAPÃO

Prof. Ms. Valter Machado da Fonseca
Mais uma vez o arquipélago que dá origem ao território japonês é sacudido por um forte abalo sísmico estimado em 8,9 graus na Escala Richter. O terremoto foi classificado pelos cientistas da NASA como o 7º do mundo em magnitude e o mais forte ocorrido no Japão até os dias atuais. O evento sísmico ocorreu devido à posição geográfica ocupada pelo conjunto de ilhas que compõem o território japonês. Ele se localiza exatamente num ponto onde existe uma grande confluência de placas tectônicas, como a placa oceânica do Pacífico e a placa da Ásia. Normalmente os principais eventos sísmicos que abalam o Japão ocorrem em decorrência de choques entre placas tectônicas. O Japão situa-se na principal zona de ocorrência de eventos sísmicos em todo o planeta: o “Círculo do Fogo”.
“Círculo do fogo” é a nomenclatura dada à região submetida a intensas e frequentes atividades sísmicas e vulcânicas que circunda a região onde se situa a placa tectônica do Oceano Pacífico. Essa zona é circundada pela junção de várias outras placas tectônicas, como Nazca, Filipinas, de Cocos, Antártida, norte-americana e Indo-australiana, englobando, ainda uma pequena porção da borda da placa da Eurásia. As junções dessas placas originam movimentos geotectônicos, que dão origem a intensas atividades de vulcanismo e terremotos. E o Japão se localiza exatamente na posição de junção dessas placas.
Como o epicentro do terremoto japonês ocorreu no Pacífico, ou seja, no interior do oceano [há 320 km do continente], o evento provocou um grande turbilhão [com grande liberação de energia] no assoalho do Oceano Pacífico, o que provocou o surgimento de diversos Tsunamis consecutivos, que se reproduziram, ainda que em menor intensidade, em diversos pontos da Terra. Isto ocorre porque esta energia é transmitida de uma placa à outra [como um efeito dominó], uma vez que as 14 placas tectônicas, nas quais se divide a crosta terrestre, estão em contato direto entre si.
Em que pese o sofrimento de centenas de famílias e pessoas vitimadas pela catástrofe em território japonês e, embora o evento sísmico seja um fenômeno natural, o acontecimento nos permite tirar algumas conclusões e lições importantes. Em primeiro lugar, é preciso compreender e perceber a ocorrência deste terremoto, como continuidade de uma série de eventos sísmicos que marcam o presente período geológico, a exemplo dos do ano passado, ocorridos no Chile e no Haiti. Aliados a esses eventos, os tempos atuais têm sido marcados, fundamentalmente, por grandes tornados, furacões, maremotos, nevascas, vulcanismos, enchentes e inundações em diversas regiões do planeta. Estes eventos geológicos e climáticos vêm demonstrar que a terra não se estabilizou. Pelo contrário, esta série de eventos chegou a deslocar o seu eixo em alguns graus. Além disso, é interessante ressaltar que estamos num período interglacial. Esta série de eventos pode significar indícios e sintomas seriamente graves, o que, fatalmente, podem levar a um diagnóstico catastrófico: o fim de mais uma era glacial.
É notório para os estudiosos das ciências da Terra, em especial os do campo da Geologia, que um instante geológico pode significar milhares e/ou centenas de anos no tempo cronológico normal, como também pode significar apenas algumas décadas em nosso calendário. O principal e também o mais catastrófico é que o fim de uma era glacial significa, com toda a certeza, também o fim de 98% das principais espécies de seres vivos e, dentre elas a raça humana. A nós, resta torcer para que este instante geológico dure, pelo menos dez mil anos, sob pena de vermos sucumbir toda a espécie humana, juntamente com sua tecnologia, sua ganância e irracionalidade, que tanto têm prejudicado o nosso planeta, ainda, azul.

quinta-feira, 10 de março de 2011

A CIÊNCIA E AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Prof. Ms. Valter Machado da Fonseca
Finalmente, a ciência deu o “braço a torcer” acerca do grande debate mundial que envolve as alterações climáticas, aceitando que a ação humana tem grande responsabilidade sobre as drásticas mudanças do clima do planeta. Esta importante afirmação veio de uma das mais respeitadas publicações científicas que trata do assunto, a revista NATURE, que publicou em seu mais recente número um importante artigo intitulado “The human factor” [O fator humano]. Neste artigo a ciência admite a relação das ações antropogênicas [ações humanas] como um forte determinante das alterações climáticas em todo o planeta.
Esta posição recente da ciência se baseou em importante estudo sobre dados experimentais que mostram a relação direta entre o aumento dos gases-estufa [gases responsáveis pelo efeito estufa] e o aumento exponencial da temperatura da Terra. A revista NATURE informa que “Em um dos estudos, os cientistas compararam as variações climáticas na América, Europa e Ásia entre as décadas de 50 e 90 e descobriram que cada elevação de um grau centígrado na temperatura do planeta aumenta entre 6% a 7% a evaporação da água. O segundo estudo levou em conta as enchentes recordes que atingiram o Reino Unido no outono de 2000 deixando mais de dez mil casas inundadas”.
Assim, o aumento da evaporação traz consigo, como consequência direta, o aumento exponencial do volume de precipitações [chuvas, neve, granizo] em todas as regiões do planeta. Este fenômeno explica a grande ocorrência de volumes desproporcionais de precipitações que trazem consigo um grande número de enchentes, inundações tempestades e nevascas, conforme verificamos nestes últimos anos, em quase todas as regiões do nosso planeta.
A aceitação, por parte dos cientistas, da relação das ações humanas com os grandes eventos climáticos é importante para a conjugação de esforços que visem à construção de ações coletivas para a minimização dos impactos socioambientais sobre a sociedade, a natureza e seus recursos. Esta nova posição da ciência também permite construir sobre terrenos férteis, novos rumos para as discussões que marcam as grandes conferências internacionais sobre mudanças e alterações climáticas.
É importante ressaltar que dentro da comunidade científica internacional existem duas correntes diferenciadas sobre a relação do homem com o aquecimento global: a corrente majoritária acredita que o homem tem contribuído, de forma efetiva, para os aumentos da temperatura do planeta e dos níveis dos mares e oceanos. Já a outra corrente, minoritária, e financiada pelos EUA defende que não existe relação entre as ações do homem e o aumento da temperatura do planeta. Ironicamente, é esta corrente histórica que se recusa, terminantemente, a assinar o Protocolo de Quioto, que trata da diminuição do descarte de gases poluentes para a atmosfera.
Por fim, a nova postura da ciência expressa no artigo da revista NATURE, abre novos caminhos para os debates das futuras conferências internacionais e traz de volta a esperança perdida nos últimos eventos mundiais, em especial, a Conferência de Copenhague, enfim abre novas trilhas para acreditarmos que nem tudo está perdido para o Planeta azul e o conjunto de espécies de seres vivos e, dentre elas o Homo sapiens.

sexta-feira, 4 de março de 2011

OITO DE MARÇO: A NOVA MULHER DO SÉCULO XXI

A revolucionária Rosa de Luxemburgo.

Por Valter Machado da Fonseca
Neste dia oito de março comemora-se mais um Dia Internacional da Mulher. Todos os anos, esta data tem sido lembrada com, cada vez mais, superficialidade, transformando data tão importante em apenas mais um evento de caráter comercial. Aliás, a sociedade do supérfluo tem o dom de transformar em lucro qualquer data que tenha o cunho de reflexão acerca dos males e desmandos desses novos tempos, denominados de “sociedade da modernidade”.
É muito comum ouvirmos neste dia, frases do tipo “por trás de um grande homem existe sempre uma grande mulher”. Caro leitor! Você já parou para refletir sobre esta frase, que está sempre na boca de políticos e autoridades, como se ela fosse uma bela referência à figura feminina. Na verdade frases como esta, muito ao contrário de uma bela homenagem, expressam o grande preconceito e o enorme machismo que marcam a nossa sociedade. Por que uma grande mulher tem que ficar por detrás de um grande homem? Se ela fica por trás, ou não é grande o suficiente ou o homem em questão não é deveras grande.
Afirmações como esta mostram a necessidade de reflexionarmos sobre a origem deste dia tão simbólico e tão importante. É necessário que lembremos que o Dia Internacional da Mulher foi, inicialmente, uma homenagem póstuma às “Mártires de Nova Iorque”, às mais de uma centena de mulheres operárias, tecelãs, queimadas vivas durante um movimento grevista contra a terrível jornada de 16 horas de trabalho nos teares dos EUA. É preciso que recordemos de mulheres corajosas, guerreiras, como Joana D’Arc, Dandara (companheira de Zumbi), Leila Diniz, Irmã Dulce, Zilda Arns, Rosa de Luxemburgo e várias outras, na maioria das vezes ocultas no anonimato imposto pelo preconceito e a discriminação.
A mulher dos novos tempos, do limiar do século XXI, tem pela frente uma luta muito mais árdua. A sociedade do culto ao supérfluo e ao descartável, em nome da igualdade de oportunidades, em nome da igualdade sexual, explora a mulher de forma muito mais cruel, pois trata-se de uma exploração camuflada, dissimulada. Uma forma de exploração que, em nome da igualdade sexual, impõe à mulher uma dupla jornada de trabalho (uma no emprego e a outra no lar), impõe à mulher o desempenho de funções iguais às do homem, porém com o salário pela metade. A queima dos sutiãs em Paris foi uma libertação apenas simbólica. A exploração feminina continua, seja nos locais de trabalho, seja em seu próprio lar. Quantas vezes não presenciamos o espancamento e até a morte de mulheres por seus próprios companheiros? Quantas Isabelas Nardonis não existem por aí? Quantos estupros e assassinatos presenciamos, cotidianamente, contra a mulher, por intermédio da mídia? Quantos atentados violentos temos presenciado contra os homossexuais? E os casos que a mídia não registra? Quantos serão?
A mulher do século XXI, além de se libertar da exploração no emprego, em seu próprio lar, precisa, urgentemente, se livrar das amarras ocultas e impostas pelo preconceito velado, dissimulado e que, hipocritamente, é chamado de “liberdade” e “igualdade” pelo machismo exacerbado e gerado pela sociedade moderna. A mulher da sociedade moderna tem que se livrar, imediatamente, dos grilhões impostos, durante décadas e décadas pelo machismo acumulado na sociedade e que serve, em última instância, para alimentar a voracidade e os anseios daqueles que dizem ter atrás de si uma grande mulher. Enfim, como nos diz o grande Gilberto Gil: “Quem sabe o super-homem venha nos restituir a glória, mudando como um Deus o curso da história, por causa da mulher”.

sábado, 29 de janeiro de 2011

A mídia e o veneno que nos servem à mesa

Por Valter Machado da Fonseca
Prezado (a) leitor (a)!
Por acaso, você já parou para pensar nos alertas e precauções sobre saúde que a TV, os jornais e o rádio nos trazem todos os dias? Se observarmos, com atenção, estes alertas, vamos perceber que, segundo a mídia, quase tudo faz mal à saúde. Em especial, os alimentos, quase que em sua totalidade, podem trazer sérias consequências para a saúde humana. Todos aumentam o coeficiente de colesterol, possuem gorduras saturadas, dentre outras sérias consequências. Somente o ovo, alimento milenar e nosso velho conhecido, já foi de “bandido” a “herói” uma centena de vezes. E as dietas para perder peso? Criam mil e uma fórmulas milagrosas para solucionar os problemas, também milenares, de obesidade. E todas essas campanhas são regadas com uma superdosagem de sensacionalismo, o tempero ideal para vender as fórmulas e as notícias. Aliás, elas [as notícias] também são enlatadas. Elas vêm envolvidas no tempero que leva uma pitada de violência urbana, outras de mediocridade, de pesquisas [algumas sérias e outras inventadas], de dados estatísticos, tudo isso sem contar o ingrediente que não pode faltar no banquete dos noticiários, uma grande dosagem de exagero. Se formos seguir, ao pé da letra, o que nos propõem as fórmulas mirabolantes da nossa mídia de cada dia, simplesmente deixaremos de viver, pois, tudo é proibido. Aliás, o que não é proibido hoje, pode sê-lo amanhã e vice-versa.
Não estou dizendo que não devamos ter o devido cuidado com a saúde e com a escolha de nossos alimentos. O que, de fato, estou tentando demonstrar é que por trás das notícias existe uma grande pitada de ideologia consumista, voltada não somente para vender as notícias, mas, sobretudo, para manter vivo o exorbitante lucro da indústria de alimentos, de vestuário, de material esportivo, de inibidores de apetite, de revistas e materiais “especializados” em dieta. Aliás, estes setores da indústria moderna possuem as maiores fatias dos lucros da sociedade de consumo.
Quando noticiam o aumento da produção de alimentos, nunca dão ênfase às cifras extraordinárias que são gastas em insumos agrícolas, em agrotóxicos, herbicidas, pesticidas, hormônios, em produtos transgênicos, dentre inúmeros outros venenos aplicados em nossa agricultura e pecuária. Quando ficamos seduzidos por aquele tomate [vermelhinho] que vemos na feira ou no sacolão, ou aquela alface verdinha, aquela cebola, couve-flor, dentre outras verduras, aparentemente saudáveis, não temos a mínima ideia da quantidade de agrotóxicos e herbicidas gasta na sua produção. Quando vemos aquele filé de frango, de carne bovina, de carne suína, aparentemente saudáveis, não temos a mínima ideia da quantidade de hormônios e outros produtos utilizados em sua produção. O frango que há poucos anos atrás levava dois meses para engordar e ser abatido, hoje é engordado em 20 dias. É a tecnologia de alimentos, que aumenta, de forma exponencial os lucros, e diminui, também de forma exponencial nossa saúde, ao mesmo tempo em que promove o surgimento de novas doenças e o fortalecimento das antigas.
As fórmulas realmente eficazes para o combate à obesidade, para uma alimentação saudável, ainda são aquelas que respeitam o tempo e as regras da natureza. Apesar de os alimentos apresentarem uma aparência mais feia, a alface, o tomate e a couve da nossa hortinha de fundo de quintal ainda possuem o seu valor e merecem o nosso respeito. O nosso franguinho caipira, apesar de ser mais sem jeito, mais magrinho e às vezes até com as perninhas tortas, também merece o nosso mais profundo respeito, admiração e consideração. Contra a obesidade, as pesquisas midiáticas ainda não descobriram nada mais saudável e eficiente que as velhas e seculares caminhadas e/ou práticas esportivas regulares. As receitas oferecidas pelas leis reais da natureza, só necessitam de um tempero: uma forte dosagem de simplicidade e bom humor.