sábado, 29 de janeiro de 2011

A mídia e o veneno que nos servem à mesa

Por Valter Machado da Fonseca
Prezado (a) leitor (a)!
Por acaso, você já parou para pensar nos alertas e precauções sobre saúde que a TV, os jornais e o rádio nos trazem todos os dias? Se observarmos, com atenção, estes alertas, vamos perceber que, segundo a mídia, quase tudo faz mal à saúde. Em especial, os alimentos, quase que em sua totalidade, podem trazer sérias consequências para a saúde humana. Todos aumentam o coeficiente de colesterol, possuem gorduras saturadas, dentre outras sérias consequências. Somente o ovo, alimento milenar e nosso velho conhecido, já foi de “bandido” a “herói” uma centena de vezes. E as dietas para perder peso? Criam mil e uma fórmulas milagrosas para solucionar os problemas, também milenares, de obesidade. E todas essas campanhas são regadas com uma superdosagem de sensacionalismo, o tempero ideal para vender as fórmulas e as notícias. Aliás, elas [as notícias] também são enlatadas. Elas vêm envolvidas no tempero que leva uma pitada de violência urbana, outras de mediocridade, de pesquisas [algumas sérias e outras inventadas], de dados estatísticos, tudo isso sem contar o ingrediente que não pode faltar no banquete dos noticiários, uma grande dosagem de exagero. Se formos seguir, ao pé da letra, o que nos propõem as fórmulas mirabolantes da nossa mídia de cada dia, simplesmente deixaremos de viver, pois, tudo é proibido. Aliás, o que não é proibido hoje, pode sê-lo amanhã e vice-versa.
Não estou dizendo que não devamos ter o devido cuidado com a saúde e com a escolha de nossos alimentos. O que, de fato, estou tentando demonstrar é que por trás das notícias existe uma grande pitada de ideologia consumista, voltada não somente para vender as notícias, mas, sobretudo, para manter vivo o exorbitante lucro da indústria de alimentos, de vestuário, de material esportivo, de inibidores de apetite, de revistas e materiais “especializados” em dieta. Aliás, estes setores da indústria moderna possuem as maiores fatias dos lucros da sociedade de consumo.
Quando noticiam o aumento da produção de alimentos, nunca dão ênfase às cifras extraordinárias que são gastas em insumos agrícolas, em agrotóxicos, herbicidas, pesticidas, hormônios, em produtos transgênicos, dentre inúmeros outros venenos aplicados em nossa agricultura e pecuária. Quando ficamos seduzidos por aquele tomate [vermelhinho] que vemos na feira ou no sacolão, ou aquela alface verdinha, aquela cebola, couve-flor, dentre outras verduras, aparentemente saudáveis, não temos a mínima ideia da quantidade de agrotóxicos e herbicidas gasta na sua produção. Quando vemos aquele filé de frango, de carne bovina, de carne suína, aparentemente saudáveis, não temos a mínima ideia da quantidade de hormônios e outros produtos utilizados em sua produção. O frango que há poucos anos atrás levava dois meses para engordar e ser abatido, hoje é engordado em 20 dias. É a tecnologia de alimentos, que aumenta, de forma exponencial os lucros, e diminui, também de forma exponencial nossa saúde, ao mesmo tempo em que promove o surgimento de novas doenças e o fortalecimento das antigas.
As fórmulas realmente eficazes para o combate à obesidade, para uma alimentação saudável, ainda são aquelas que respeitam o tempo e as regras da natureza. Apesar de os alimentos apresentarem uma aparência mais feia, a alface, o tomate e a couve da nossa hortinha de fundo de quintal ainda possuem o seu valor e merecem o nosso respeito. O nosso franguinho caipira, apesar de ser mais sem jeito, mais magrinho e às vezes até com as perninhas tortas, também merece o nosso mais profundo respeito, admiração e consideração. Contra a obesidade, as pesquisas midiáticas ainda não descobriram nada mais saudável e eficiente que as velhas e seculares caminhadas e/ou práticas esportivas regulares. As receitas oferecidas pelas leis reais da natureza, só necessitam de um tempero: uma forte dosagem de simplicidade e bom humor.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Mas e a vida? E a vida o que é, diga lá meu irmão

Por Valter Machado da Fonseca
Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar! Cantar e cantar! A beleza de ser um eterno aprendiz. [...] e a pergunta rola. E a cabeça agita: eu fico com a pureza da resposta das crianças: é a vida, é bonita e é bonita!” (Gonzaguinha).
Ao analisarmos a letra da canção de Luiz Gonzaga Junior, o Gonzaguinha, várias inquietações nos vêm à mente. A canção nos remete a indagações como: por que o brasileiro consegue sobreviver com este salário mínimo? Qual é o jeitinho brasileiro? Por que o brasileiro é tão criativo? Quando nos vêm à mente estas indagações, lembramo-nos das dificuldades pelas quais passa o nosso povo. Lembramo-nos das enchentes que destrói, num piscar de olhos, tudo que famílias inteiras construíram durante todas suas vidas. E, o mais interessante é que eles não desanimam, estão dispostos a recomeçar do zero. Aí, surge a pergunta que sintetiza tudo isso: de onde vem a imensa força de superação de nosso povo?
Mas, para tentarmos entender esse “mistério” é preciso filosofar. Filosofar sobre a vida. Filosofar sobre as concepções de vida e de mundo. Filosofar sobre este modelo de sociedade reducionista. Uma sociedade que reduz “o tudo” ao “quase nada”. Ao analisarmos os discursos dos poderosos, dos chefes de Estado, dos governantes do mundo e da sociedade, observamos que tais discursos são carregados de coisas complexas, de palavras bonitas, de “boas intenções”, de “verdades” supostamente neutras. Mas, se analisarmos as entrelinhas de tais discursos o vazio do “não dito” como diria Michel Foucault, verificamos que, ao contrário do que nos aparenta à primeira vista, eles são encharcados de intenções, de dissimulações, de armadilhas. São discursos reducionistas, que reduzem o importante à superfluidade, a alegria à tristeza, a bondade à maldade, a simplicidade à perversidade, as boas intenções à ruína. Aliás, “de boas intenções o inferno está cheio”.
Na verdade, em nome da felicidade humana, o aparato discursivo dos grandes governantes da humanidade defende, em última instância, a mediocridade da ganância, da mais valia (lucro) e da exploração do homem e do planeta. Para eles, a felicidade se reduz ao lucro dos banqueiros e dos grandes grupos e da exploração do homem pelo próprio homem. Que felicidade é essa, afinal?
Agora, quando analisamos o discurso dos “de baixo”, como diria o nosso saudoso Paulo Freire, dos despossuídos, dos dizimados, dos invadidos, dos “demitidos da vida”, dos “esfarrapados do mundo”, enfim, o discurso do “povão”, verificamos que os parâmetros, os valores são outros. Eles não se preocupam com a complexidade do mundo, mas sim com a simplicidade das coisas do mundo. Eles se preocupam em viver o momento presente e não com projetos mirabolantes para o futuro. A felicidade para o nosso povo se reduz à simplicidade do mundo e das coisas do mundo. Eles se contentam e são felizes com o churrasco na laje nos fins de semana, em curtir o samba, o pagode, em “fazer amor”, não importa a hora. Eles constroem sua cultura nas lacunas do sofrimento do dia a dia, no cotidiano simples de suas vidas. A vida, para eles, é constituída da soma de momentos felizes. É por isso, que eles enfrentam, de peito aberto, o sofrimento e as atrocidades que marcam o cotidiano de suas existências. E, por isso, eles são felizes, mesmo na adversidade. A vida para essas pessoas se resume na simplicidade das coisas mais simples e não na complexidade dos discursos dos opressores. Está é a chave do nosso “mistério”.
Por isso, concordo com o grande Gonzaguinha: ninguém quer a morte, só saúde e sorte. [...] eu fico com a pureza da resposta das crianças! É a vida! E, ela é bonita, é bonita e é bonita! Por isso, o mais importante é viver e não ter a vergonha de ser feliz!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Professor Valter Machado da Fonseca prepara lançamento de livro de poemas

Professor Valter Machado da Fonseca
Por NEEFICS

O professor mestre e doutorando em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia (FACED/UFU), docente da Universidade de Uberaba (Uniube), Valter Machado da Fonseca prepara lançamento de seu mais recente livro. Desta vez, trata-se de um livro de poemas intitulado “SENTIMENTOS MUTILADOS”. A obra organizada pelo próprio autor é uma coletânea composta de 82 poemas, divididos em trabalhos que envolvem poesias de cunhos fictícios, eróticos, sociais e românticos.
Esta é a quarta obra publicada pelo Prof. Valter Fonseca. Em 2009, ele lançou “A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA PÚBLICA: entrelaçando saberes, unificando conteúdos”. Já em 2010 o autor publicou mais duas obras: “ENTRE O AMBIENTE E AS CIÊNCIAS HUMANAS: artigos escolhidos, ideias compartilhadas” e “O SUJEITO & O OBJETO: educação e outros ensaios”. Diferentemente das três primeiras obras que resultaram de vários anos de pesquisa científica, este quarto livro apresenta uma importante contribuição poética da área da literatura.
O livro já está na editora em São Paulo, em fase de revisão final e tem o lançamento previsto para março de 2011. O Professor Valter Machado da Fonseca afirma que SENTIMENTOS MUTILADOS será uma importante contribuição, que interessa a todos que trabalham com as artes e, em especial com a literatura.

Catástrofe no Rio de Janeiro: o uso do solo urbano em questão

Por Valter Machado da Fonseca

Como acontecem todos os anos, as notícias sobre catástrofes que envolvem centenas de vítimas das enchentes e inundações, voltam a ganhar as principais manchetes da mídia nacional e internacional. E, novamente os holofotes se voltam para a cidade maravilhosa, que há poucos dias vivia o drama e a trama da ocupação do Complexo do Alemão num confronto entre as forças armadas e os chefes da indústria do narcotráfico.
No ano passado, a população mundial assistiu atônita a uma catástrofe de grandes proporções, que vitimou milhares de pessoas, o terremoto do Haiti. Porém, se computarmos apenas as vítimas relacionadas às enchentes e inundações da última década no Brasil, veremos que o número é assustador, superando [e muito] à tragédia do Haiti. E, o pior de tudo, é que elas se repetem todos os anos no período das chuvas. É interessante notar que a mídia utiliza toda a dosagem de sensacionalismo possível para vender as notícias. Veja a afirmação que a TV trouxe como destaque em um de seus noticiários mais badalados: “especialistas afirmam que a tragédia do Rio de Janeiro está relacionada com o uso incorreto do solo urbano”. E, o noticiário continua: “os moradores que habitam as áreas de risco devem abandonar suas casas imediatamente”.
Não é preciso ser especialista para perceber que o problema das enchentes e inundações, não somente no Rio, mas em 90% das cidades brasileiras está diretamente relacionado à gestão, uso e manejo incorretos do solo urbano. Os moradores devem abandonar suas casas e ir para onde? Morar debaixo das marquises, pontes e viadutos? Eles não habitam esses locais porque escolheram ou gostam, mas pelo fato de terem sido segregados dos espaços habitáveis das cidades brasileiras. Em sua maioria, são pessoas trabalhadoras que vivem em condições de penúria e extremo sofrimento. Mereciam, pelo menos, um mínimo de respeito por parte das autoridades e do poder público, que na maior parte das vezes, estimulam e até promovem a especulação imobiliária no país.
Na esmagadora maioria das cidades brasileiras [médias e grandes] o problema das enchentes e inundações vem aumentando, quase que de forma exponencial, ano após ano e não se toma nenhuma medida eficaz para a prevenção das catástrofes e minimização do sofrimento das pessoas [extremamente carentes, em sua maioria] que habitam as periferias pobres das cidades. Na verdade, o conjunto das cidades brasileiras, salvo raras exceções, cresce sem quaisquer formas de planejamento urbano e ambiental. Crescem à revelia da especulação imobiliária e dos ditos pousios sociais, vulgarmente conhecidos por “terrenos de engorda”. O solo urbano está a serviço daqueles que detém o poder político e econômico nas cidades. À população carente das periferias sobram os interstícios inabitáveis, as áreas de risco e as lacunas do sofrimento.
Realizar um planejamento urbano efetivo e eficaz significa adotar políticas de prevenção. Significa realizar estudos aprofundados das características do solo urbano, elaborar diagnósticos que levem em consideração a topografia, o relevo, a vegetação, o clima, as vertentes, os aspectos geológicos e geomorfológicos dos terrenos, a existência dos corpos d’água e suas bacias de drenagem e inundação. Nenhum desses fatores foi levado em conta na ocupação do solo urbano na região serrana do Rio de Janeiro. Não é o lucro que deve determinar o planejamento do uso e ocupação do solo urbano, mas, a análise do conjunto de fatores e características que devem ser observados visando à ocupação e manejo corretos deste solo.
Por fim, esta série de fatores deve ser observada se existir, de fato, a preocupação com as populações das periferias pobres das cidades. O poder público, em todas as esferas, deve tomar medidas efetivas objetivando o correto planejamento das ações que visem à gestão, uso e manejo do solo urbano. Caso, contrário, todos os anos devemos nos preparar para o agravamento desta problemática e, ao mesmo tempo, devemos também nos preparar para contar as centenas e milhares de vítimas e de mortos em nosso país. Esta é uma realidade que não pode ser mascarada e, muito menos escondida.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Desafios da presidente Rousseff para a educação (1)

Por Valter Machado da Fonseca
No dia 1º de janeiro de2011 iniciou-se mais um mandato presidencial no Brasil. A presidente eleita pelos brasileiros tem pela enfrente enormes desafios, obstáculos, mas também inúmeras possibilidades para mostrar ao conjunto do povo brasileiro que é possível construir sobre bases sólidas, medidas que possibilitem a melhoria das condições de vida da população, principalmente de sua parcela mais carente.
Do conjunto de propostas feitas por Dilma Rousseff em diversas áreas, como habitação, transportes, geração de empregos, saúde, educação, saneamento, políticas urbana e agrária, meio ambiente, dentre várias outras, quero dar visibilidade e destaque especial às propostas na área da educação. Em um dos meus artigos publicados pelo JM, ainda no período eleitoral, destaquei alguns aspectos que considerava importantes para o conjunto de candidatos [desde os deputados, passando por senadores até presidente da nação] no campo da educação. Na ocasião chamei à atenção para a viabilização de propostas que visassem à melhoria da qualidade da educação e da moralização dos concursos públicos para servidores e docentes da educação pública no país [em níveis municipal, estadual e federal]. Quero, neste artigo, me deter na problemática dos concursos públicos, deixando outras questões para futuros artigos. Priorizo, neste momento, os concursos públicos, devido à gravidade da temática.
Os concursos públicos foram institucionalizados como mecanismos de seleção de servidores e docentes das instituições públicas de ensino no país, visando à necessidade sentida pelo conjunto do povo brasileiro de normatizar a contratação dos profissionais da educação pelas instituições públicas de ensino, combatendo o nepotismo, a corrupção, o desvio de verbas e a arbitrariedade que reinavam na escolha de funcionários para o setor. Mas, parece que, com o decorrer do tempo, as “panelinhas” que se formaram nas instituições públicas de ensino encontraram maneiras de burlar e controlar os concursos e, ao mesmo tempo manipular os resultados dos processos seletivos. E, mais que isso, elas vem se formando e se consolidando no seio destas instituições, constituindo-se em verdadeiros “feudos institucionalizados” que mapeiam os concursos públicos e “dividem o bolo” segundo o interesse de grupos que se beneficiam com tal prática, contrária ao processo de democratização de nossas escolas e universidades. Assim, a proposta que visava à democratização das instituições públicas de ensino, na prática vem se transformando em instrumento que tem por objetivo manter os privilégios de diversos grupos que se encastelaram no interior de nossas instituições de ensino no país [municipais, estaduais e federais]. E, o pior de tudo, é que esses grupos falam em nome da “autonomia das escolas e universidades” do Brasil. Em nome de ideais democráticos, constroem práticas que abrem caminho para a manipulação e deterioração da universidade pública brasileira.
E não é preciso ir longe para detectar essas práticas ilícitas. Aqui mesmo, em Uberaba, ao longo do ano de 2010, tivemos exemplos claríssimos desses desmandos em instituições federais de ensino. Esses grupos se apropriam das instituições mantidas a duras penas com o dinheiro do povo brasileiro, em benefício próprio. Estas imoralidades não atingem somente os candidatos comprometidos com a educação de qualidade e que se inscrevem nestes concursos, mas, sobretudo, é uma afronta ao povo brasileiro que as mantém com o dinheiro originado de seus impostos.
Esse é um grande desafio a ser enfrentado, de imediato, pela presidente Rousseff. Se ela quer, de fato, colocar em prática suas propostas em prol de uma educação de qualidade em todos os níveis, ela deve atacar, de forma imediata, as raízes dessa problemática, garantindo legitimidade, transparência e democracia no trato da coisa pública no Brasil. De nossa parte, ao longo, ainda, deste semestre, formaremos uma comissão e estaremos juntando provas e evidências que demonstram os desmandos nos concursos públicos, as quais serão entregues, em mãos, ao ministro da educação e à própria presidente da República Federativa do Brasil, Dilma Rousseff. É preciso, urgentemente, passar a limpo a escola e os concursos públicos no Brasil, se, de fato queremos construir uma educação de qualidade em todos os níveis.