quinta-feira, 10 de março de 2011

A CIÊNCIA E AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Prof. Ms. Valter Machado da Fonseca
Finalmente, a ciência deu o “braço a torcer” acerca do grande debate mundial que envolve as alterações climáticas, aceitando que a ação humana tem grande responsabilidade sobre as drásticas mudanças do clima do planeta. Esta importante afirmação veio de uma das mais respeitadas publicações científicas que trata do assunto, a revista NATURE, que publicou em seu mais recente número um importante artigo intitulado “The human factor” [O fator humano]. Neste artigo a ciência admite a relação das ações antropogênicas [ações humanas] como um forte determinante das alterações climáticas em todo o planeta.
Esta posição recente da ciência se baseou em importante estudo sobre dados experimentais que mostram a relação direta entre o aumento dos gases-estufa [gases responsáveis pelo efeito estufa] e o aumento exponencial da temperatura da Terra. A revista NATURE informa que “Em um dos estudos, os cientistas compararam as variações climáticas na América, Europa e Ásia entre as décadas de 50 e 90 e descobriram que cada elevação de um grau centígrado na temperatura do planeta aumenta entre 6% a 7% a evaporação da água. O segundo estudo levou em conta as enchentes recordes que atingiram o Reino Unido no outono de 2000 deixando mais de dez mil casas inundadas”.
Assim, o aumento da evaporação traz consigo, como consequência direta, o aumento exponencial do volume de precipitações [chuvas, neve, granizo] em todas as regiões do planeta. Este fenômeno explica a grande ocorrência de volumes desproporcionais de precipitações que trazem consigo um grande número de enchentes, inundações tempestades e nevascas, conforme verificamos nestes últimos anos, em quase todas as regiões do nosso planeta.
A aceitação, por parte dos cientistas, da relação das ações humanas com os grandes eventos climáticos é importante para a conjugação de esforços que visem à construção de ações coletivas para a minimização dos impactos socioambientais sobre a sociedade, a natureza e seus recursos. Esta nova posição da ciência também permite construir sobre terrenos férteis, novos rumos para as discussões que marcam as grandes conferências internacionais sobre mudanças e alterações climáticas.
É importante ressaltar que dentro da comunidade científica internacional existem duas correntes diferenciadas sobre a relação do homem com o aquecimento global: a corrente majoritária acredita que o homem tem contribuído, de forma efetiva, para os aumentos da temperatura do planeta e dos níveis dos mares e oceanos. Já a outra corrente, minoritária, e financiada pelos EUA defende que não existe relação entre as ações do homem e o aumento da temperatura do planeta. Ironicamente, é esta corrente histórica que se recusa, terminantemente, a assinar o Protocolo de Quioto, que trata da diminuição do descarte de gases poluentes para a atmosfera.
Por fim, a nova postura da ciência expressa no artigo da revista NATURE, abre novos caminhos para os debates das futuras conferências internacionais e traz de volta a esperança perdida nos últimos eventos mundiais, em especial, a Conferência de Copenhague, enfim abre novas trilhas para acreditarmos que nem tudo está perdido para o Planeta azul e o conjunto de espécies de seres vivos e, dentre elas o Homo sapiens.

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