quinta-feira, 4 de março de 2010

Terremotos, furacões, enchentes e inundações: eventos naturais?

Por Valter Machado da Fonseca

Nessa década de 2000, em especial nesse início de 2010, o planeta Terra tem apresentado vários indícios de acomodação de suas estruturas internas. Essas evidências, que vêm na forma de grandes eventos geológicos e/ou climáticos reafirmam a ideia de que o planeta dá nova configuração em sua dinâmica interna e externa, trazendo, dessa forma, diversos elementos que servem de parâmetro para nossa reflexão sobre o futuro climático e geológico do planeta azul.
Nesse início de ano temos presenciado vários eventos que o homem costuma classificar de “naturais”. Mas, aqui cabem as indagações: O que é natural? Será que todos esses fenômenos são mesmo naturais? O que tem de natural e/ou de antrópico nesses eventos?
Esse texto tem a finalidade de suscitar esse debate, visa levantar a reflexão acerca do que tem sido veiculado na mídia sobre as catástrofes que assolam diversas regiões da Terra. Por exemplo, só nos meses de janeiro e fevereiro desse ano, os jornais, o rádio, a TV e a Internet, têm noticiado tragédias de grande envergadura, relacionadas a eventos climáticos e/ou geológicos.
No mês de janeiro vivenciamos grandes e violentas nevascas que atingiram quase que a totalidade do continente europeu. Nesse mesmo mês também vivenciamos um aumento exponencial do índice de precipitações pluviométricas [chuvas] no hemisfério sul. O mês de fevereiro foi marcado pelos terremotos que voltam a atuar com força total em diversas regiões do globo terrestre. Aqui vale destacar os terremotos do Haiti e do Chile, com 8,5 e 9,5 na escala Richter, respectivamente. Enquanto isso, a chuva que veio por intermédio de grandes ciclones e furacões, assola violentamente a Europa, causando inundações sem precedentes na França e deixando um saldo de 48 mortos. Aliado a tudo isso uma placa de gelo de vários quilômetros de extensão e espessura se descola da Antártida e vaga à deriva pelo Oceano Pacífico. No dia 03/03/2010 foi registrado outro terremoto de 6,4 na escala Richter, nas proximidades de Taiwan e, réplicas que chegaram à marca de 6,5 na escala Richter voltam a assolar o território chileno.
O Brasil, considerado por muitos a salvo desses eventos geológicos, também sentiu o gostinho dos reflexos do terremoto chileno, em especial na cidade de São Paulo, que registrou pequenos tremores, decorrentes do evento sísmico do Chile. Mas, o território brasileiro, mesmo não sendo afetado diretamente pelos terremotos, tem sido magnificamente afetado pelos eventos climáticos. As chuvas intensas, frequentes e torrenciais que afetam o país já trazem inúmeras consequências: assistimos a enchentes e inundações que afetaram o Estado de Santa Catarina e agora, quase que cotidianamente a cidade de São Paulo. O volume de precipitações no Sul e Sudeste do país já faz com que as concessionárias responsáveis pelos reservatórios das hidrelétricas fiquem em estado de alerta. Os reservatórios de diversas usinas hidrelétricas já atingiram sua capacidade máxima, o que faz com que tenham que abrir suas comportas, visando controlar seu volume de águas.
O que se pode concluir diante dessas evidências?
Diante do conjunto de evidências que surgiram em nível global, podemos tirar algumas conclusões. Estamos diante de um conjunto de acontecimentos que indicam uma acomodação natural das forças e elementos que compõem a dinâmica interna da Terra, conjugados com eventos climáticos que possuem interferência da ação antropogênica [do homem] sobre os recursos da natureza.
Analisando esse conjunto de aspectos e fatores que marcam esta série de eventos geológicos e climáticos, diferentemente do que defende uma parcela significativa de cientistas e estudiosos, que desconsideram a ação humana em suas análises, não se podem analisar esses fenômenos sem levar em consideração a ação antrópica, uma vez que o homem, hoje, não poder ser desconsiderado enquanto uma força ativa, que interfere, diretamente, no equilíbrio do ecossistema planetário. Assim, a conclusão mais plausível a que se pode chegar é que, conjugado com um processo natural de acomodação das estruturas geológicas da Terra, se alia uma série de ações antropogênicas que acabam por intensificar, de maneira nada desprezível, o processo de mudanças e alterações climáticas que marcam os tempos modernos.
Neste sentido, cabe ao homem, mais uma vez, voltar seu olhar para suas ações sobre os recursos da natureza, pois esta, sabiamente, mostra-nos uma série de indícios de que ela é infinitamente mais poderosa que a espécie humana. Assim, o que está em risco não é o destino da Terra enquanto planeta vivo, mas a própria continuidade da existência do homem enquanto espécie na face do planeta Terra.


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