sábado, 20 de junho de 2009

Paulo Reglus Neves Freire: Uma breve biografia.


Por Carmem Lúcia Ferreira
Foto: Arquivos Paulo Freire

Educador por excelência, Paulo Freire é reconhecido internacionalmente pelo seu método revolucionário e inovador de alfabetização. Formou-se em Direito no ano de 1947, mas sua vida toda foi dedicada à Pedagogia, ciência que objetiva, dentre outros fatores a melhoria no processo de aprendizagem dos educandos (as), através da reflexão, sistematização e produção de conhecimentos.
Em 1948 foi diretor de Educação e Cultura do SESI, em Recife, onde realizou um trabalho com alfabetização de adultos. No ano de 1958 participa de um Congresso Educacional no Rio de Janeiro. Neste Congresso Freire apresentou um trabalho relevante sobre educação e princípios de alfabetização. Em sua apresentação ele relacionou a alfabetização de Adultos ao cotidiano do trabalhador, entendendo que desta forma o adulto primeiro conheceria sua realidade para poder inserir-se de forma crítica na vida social e política.
Em 1954, convidado pelo presidente João Goulart a coordenar o Programa Nacional de Alfabetização. Após o Golpe Militar, o método de alfabetização de Paulo Freire é considerado uma ameaça à ordem pelos militares. Assim, viveu exilada no Chile e na Suíça, mas sempre produzindo conhecimento na área da educação.
Quando retornou ao Brasil, exerceu o cargo de Secretário Municipal de Educação, na gestão da prefeita Luiza Erundina, na cidade de São Paulo. Posteriormente a este trabalhão assessorou projetos culturais na América Latina e África.
No ano de 1986, falece sua esposa Elza. Dois anos após sua morte, o autor casa-se com Ana Maria, conhecida pelo apelido de Nita, que também era sua orientanda de mestrado. Em 1991 é fundado em São Paulo o Instituto Paulo Freire. O instituto mantém até hoje os arquivos do educador. No dia 02 de Maio de 1997, Freire deixa esta existência, mas somente através de seu corpo físico, pois ele ainda vive entre nós através de seus ensinamentos e sua vasta obra.


“Pedagogia da Autonomia”: Ensinar exige...

Quando falamos em “autonomia”, em se tratando de educação, logo pensamos na figura do professor, contrariamente a este pensamento a obra de Freire, “Pedagogia da Autonomia, última obra do autor publicada em vida, nos mostra a importância de se construir a autonomia dos educandos. Ressalta saberes necessários, segundo a sua ótica em valorizar e respeitar sua cultura, ou seja, o acervo de conhecimentos que cada educando traz consigo.
Num outro momento, O autor aponta alguns equívocos que podem permear a prática docente e aponta caminhos rumo a uma educação libertadora e crítica. A leitura da obra de Freire, sempre nos remete à reflexão sobre a arte de ensinar.
Em seu livro, o autor evidencia 27 tópicos, chamando à reflexão do professor (a), no sentido de “avaliar”, como tem sido sua prática pedagógica. Dentre eles citarei alguns, a saber:
Ensinar exige pesquisa: De acordo com Freire se sou um educador progressista não dissocio a pesquisa do ato de ensinar. (Freire, 1996), esclarece: “Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade.” Daí a importância de sempre buscar a pesquisa, pois, é através dela que firmamos nossa presença no mundo.
Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos: Se ao adentrar a sala de aula, exijo dos meus alunos respeito, igualmente devo respeitar os seus. Esta prática acontece quando há a presença de diálogo entre professor e aluno. Desta maneira estar-se-á estabelecendo relações fundamentais entre os conteúdos advindos do currículo com a realidade concreta vivida pelos educandos.


Por que não aproveitar a experiência que têm os alunos de viver em áreas da cidade descuidadas pelo poder público para discutir, por exemplo, a poluição dos riachos e dos córregos e os baixos níveis de bem-estar das populações, os lixões e os riscos que oferecem à saúde das gentes. Por que não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a disciplina cujo conteúdo se ensina, a realidade agressiva em que a violência é a constante e a convivência das pessoas é muito maior com a morte do que com a vida? (FREIRE, P. 1996, p. 30)

Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo: Hoje fala-se muito em uma modalidade de ensino para “formar” pessoas para o mercado de trabalho, para servir os donos dos meios de produção. Vivenciamos currículos que exercem a função única e exclusiva de selecionar o que se pode ser ensinado, com um objetivo somente, de retornar nossos educandos mais cedo para o mercado de trabalho, como forma de servir e sustentar a mais valia.
Dentro deste contexto é que se insere indagação da pedagogia crítica de Paulo Freire, quando ele questiona como fica a construção histórica do ser humano enquanto sujeito pensante, social e político, considerando que através de nossa intervenção no mundo podemos mudar o curso da história.


Referências

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo. Paz e Terra, 1996.
OREY,D.,RIBEIROM.,FERREIRA,R.Disponívelem:http://www2.fe.usp.br/~etnomat/PauloFreirePortugues.htm, acesso em 17/06/2009.

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