sábado, 20 de junho de 2009

UMA VISÃO DA OBRA “PEDAGOGIA DA AUTONOMIA”: saberes necessários à prática educativa


Por Maria dos Anjos Pereira Rodrigues
Foto: Arquivos Paulo Freire
1. Introdução


A obra Pedagogia da Autônima, expressa as lutas e anseios por uma educação de qualidade que acima de tudo, tenha o ser humano como principal protagonista deste processo.
O objetivo conforme Paulo Freire é mostrar “A questão da formação docente ao lado da reflexão sobre a prática educativo-progressiva em favor da autonomia do ser dos educandos é a temática central em torno de que gira este texto.” (FREIRE:14)
E o autor não vai apoiar-se em teoria desenvolvida em outras realidades culturais e sociais, diferentes do contexto educacional brasileiro, ele busca no canteiro do cotidiano de sua vida, de vários profissionais e discentes que estiveram do seu lado para construir e apresentar sua proposta educativa.
O processo de ensino aprendizagem perpassa toda obra, mas esta não está dissociada da realidade do discente e nem da postura ética e moral do educador.
Para haver uma resolutividade na construção deste processo os dois têm que estar interligados, portanto, faz-se necessário lutar por uma “ética universal do ser humano”, que seja mais importante do que as relações de poder: o ser ao invés do ter.
Em contrapartida este movimento deve irradiar em todas as direções, o contexto escolar deve ser um deles. “A ética se torna inevitável e sua transgressão possível é um desvalor, jamais uma virtude”. (FREIRE:20)
Não é possível ter uma sociedade justa, sem valores éticos que a mesma valorize e pratique, sendo assim a fome, exclusão, miséria, indiferença e outros devem ser eliminados ou nem existir na chamada sociedade informacional.

[...] Uma de suas tarefas primordiais é trabalhar com os educandos a rigorosidade metódica com que devem se “aproximar” dos objetos cognoscíveis. E esta rigorosidade metódica não tem nada que ver com o discurso “bancário” meramente transferidor do perfil do objeto ou do conteúdo. É exatamente neste sentido que ensinar não se esgota no “tratamento” do objeto ou do conteúdo, superficialmente feito, mas se alonga à produção das condições em que aprender criticamente é possível. (FREIRE:28-29)

Portanto, o grande desafio e estabelecer condições para aprender criticamente, e este saber extrapola para prática/vivência na sociedade em todas as direções.


2. INTERLINGANDO COM O HOJE

Parar a prática e deter-se na obra Pedagogia da Autonomia é um desafio à nossa própria prática é ao mesmo tempo questionar até que ponto as relações da sociedade justa e fraterna depende somente do professor.
A “ética universal do ser humano”, deve continuar no contexto escolar. Porém, nas últimas décadas isto não está ocorrendo devido a uma série de fatores como desestruturação familiar, drogas, prostituição, desemprego, e outros.
A unidade escolar acaba por responder por uma série de quesitos formativos e “Educação” reportando que educação não restringe apenas ao ato de ensinar, mas a dar as primeiras noções e vivências de valores éticos, que não e vivenciado nos lares, consequentemente, tem que se direcionar o discente para vida toda.
É um desafio, que tem que ser repensado, pois, é preciso dar suporte a uma série de questões que a escola não tem.
Olhemos para trás da história educacional do país, alguns aspectos:

[...] Entretanto, em razão do imenso déficit histórico que se veio acumulando, mesmos em termos quantitativos as deficiências ainda são enormes, o que pode ser evidenciado ao se observar que em 1890, quando tinha início, para nós, o “longo século XX”, a taxa de analfabetismo estava em torno de 85% em relação à população total (12.213.356 para uma população de 14.333.915). Passados cem anos, constata-se uma redução relativa, já que aquela taxa caiu para cerca de 30%(oficialmente se registram 21,6% em relação à população total, tomando-se os dados do Censo de 1991). No entanto, se considerarmos a população total (146.825.475, conforme o mesmo Censo de 1991), veremos que 33,68% correspondem a 49.458.776. Portanto, o número absoluto de analfabetos quadruplicou. (SAVIANI:51)

O grande desafio do século XX era universalizar o ensino, para eliminar a alta taxa de analfabetismo de 85%. Desta forma, para que um número cada vez maior de pessoas tivesse acesso ao ensino isto significa, investir na formação de corpo docente, ampliar a infraestrutura é em certos casos criar toda uma logísticaa para que fosse possível ser oferecido vagas suficientes, para as crianças e jovens em faixa etária escolar
Bem, o problema do analfabetismo não foi eliminado no século XX ele ainda persiste no século XXI, com um agravante, pois, o desafio agora não é apenas assegurar vaga mais garantir a qualidade de ensino e a permanência dos alunos na escola.
Juntando a isto, tem-se a classe docente com formação deficiente, desvalorizada, baixos salários e sem condições dignas de trabalho, dentre outros fatores. Portanto, o desafio continua.

3. REFERÊNCIAS

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra,1996.

SAVIANI, D, (org.). O legado Educacional do século XX no Brasil Campinas-SP: Autores Associados, 2004.

Nenhum comentário:

Postar um comentário