Foto: A grande enchente de Santa Catarina (BR)
Mais uma vez, a mídia brasileira volta seus holofotes para o problema das enchentes e inundações em todo o país. Na cidade de São Paulo, as cenas são aberrantes: a água invade as ruas e avenidas, rios e ribeirões transbordam, o lixo invade ruas e praças, árvores tombam sobre veículos, o transporte coletivo urbano para, literalmente. Os picos de energia deixam sem luz grande contingente de pessoas, isso tudo sem mencionar os congestionamentos de trânsito que atingem centenas de quilômetros.
Na verdade, quaisquer que sejam as evidências [naturais ou não], não se pode negar a existência das atividades humanas. Assim, mesmo considerando que esse fenômeno tenha ocorrido no passado sem a existência humana, um fato que não pode, jamais, ser desprezado é que o homem existe e está interferindo no planeta e em seus recursos. Neste sentido, o homem entra aí como um elemento de avaliação, uma variável que precisa ser analisada.
Por Valter Machado da Fonseca
Mais uma vez, a mídia brasileira volta seus holofotes para o problema das enchentes e inundações em todo o país. Na cidade de São Paulo, as cenas são aberrantes: a água invade as ruas e avenidas, rios e ribeirões transbordam, o lixo invade ruas e praças, árvores tombam sobre veículos, o transporte coletivo urbano para, literalmente. Os picos de energia deixam sem luz grande contingente de pessoas, isso tudo sem mencionar os congestionamentos de trânsito que atingem centenas de quilômetros.
Mas o pior de tudo é a volta de doenças antigas provenientes de insetos, roedores e outras pragas que surgem em decorrência do acúmulo de água contaminada que invade o espaço urbano. O índice de mortalidade em decorrência das enchentes e inundações atinge cifras nunca dantes experimentadas, ou vivenciadas. A mortalidade ocasionada por esses problemas chegou a ser comparada, pelas Nações Unidas, com a perda de vidas em épocas de algumas guerras e conflitos bélicos.
Nas enchentes deste início de 2010, a rede de comunicação, principalmente os jornais e a TV destacaram o transbordamento do “Rio” Tietê e suas consequências, no centro da cidade de São Paulo. O Tietê, que já foi um dos principais rios do país, aparece invadindo ruas e avenidas, “enfeitado” por centenas de sacos de lixo, pneus, garrafas Pets, saquinhos plásticos, dentre inúmeros outros detritos. No meio da água escura e lamacenta [se é que podemos chamar a isso de água], homens mulheres e crianças, numa cena patética e deplorável, lutavam para permanecerem de pé, para não serem levados pela força da enxurrada e da correnteza. Mas, o problema das enchentes não atinge apenas a cidade de São Paulo, ele se espalha pela maioria das grandes cidades brasileiras
Por outro lado, no Nordeste do Brasil a seca castiga e leva à situação de miséria, centenas de pessoas. O Brasil, quase todos os anos, vem sendo marcado por grandes enchentes e inundações no Sudeste, Centro Oeste e no Sul, conjugados por enormes períodos de secas no Nordeste e, pasmem! Há poucos anos vimos, em toda a cadeia da Rede de comunicações, uma grande seca na região Norte, o que provocou um rebaixamento de mais de três metros, das águas dos rios Amazonas, Negro e Solimões.
Aí, a mídia, a ciência, a população perguntam: Serão fenômenos naturais? Será culpa do El NIÑO ou da La NIÑA? Ou, será que esses eventos ocorrem devido à ação humana?
No mundo da ciência, duas grandes correntes defendem suas verdades: a primeira [que por coincidência tem parte de suas pesquisas bancadas pelos EUA] defende a idéia de que é um fenômeno natural: a Terra já passou por eventos desse tipo, antes mesmo da existência do homem na face da Terra [o que é um fato cientificamente comprovado], portanto, é um fenômeno natural, que independe da ação humana. Alguns cientistas chegam a defender que, ao invés de um período de aquecimento global, o planeta, ao contrário, passa por um período de resfriamento.
A outra corrente tenta colocar toda a culpa na ação humana, sem seque ouvir quaisquer outras argumentações. Alguns defendem, inclusive, a idéia da natureza intocada, uma volta ao passado.
Na verdade, quaisquer que sejam as evidências [naturais ou não], não se pode negar a existência das atividades humanas. Assim, mesmo considerando que esse fenômeno tenha ocorrido no passado sem a existência humana, um fato que não pode, jamais, ser desprezado é que o homem existe e está interferindo no planeta e em seus recursos. Neste sentido, o homem entra aí como um elemento de avaliação, uma variável que precisa ser analisada.
É preciso perceber que a ciência não pode se embasar na “Lei das Repetições”: “se aconteceu no passado desta forma, no presente é a mesma coisa”. Pensar dessa forma é, no mínimo, possuir uma miopia de conhecimentos, é desprezar a cadeia e a teia da vida. Por outro lado, pregar uma volta ao passado também é se apoderar de uma miopia de raciocínio, afinal não se deve negar o avanço técnico e desprezar o bem estar construído pela história da humanidade.
O problema das enchentes e inundações requer um olhar apurado, no qual se leve em consideração a análise de um conjunto de fatores interligados e conjugados. É preciso interpretar a forma com que o homem tem se relacionado com a natureza, ou seja, analisar a relação sociedade/natureza. É necessário, sobretudo, investigar como o homem tem ocupado o espaço urbano, como se dá o processo de urbanização, não somente no Brasil, como em todo o planeta.
Como se pretende combater o problema das enchentes se existe o desmatamento dos cumes de morros e montanhas, o cume de colinas, a impermeabilização de fundos de vales, a canalização de córregos, rios, riachos e ribeirões, combinada com a impermeabilização e ocupação desordenada de suas bacias de drenagem e de inundação. Como se quer combater esse problema se o homem continua a concentrar todas as suas atividades [e sem nenhum planejamento urbano/ambiental] nas grandes cidades e metrópoles, deslocando dessa forma o equilíbrio ambiental e energético dessas localidades.
Para enfrentar essa problemática, o homem precisa, urgentemente, repensar e planejar suas ações sob pena de ver, em pouco tempo, o planeta se inundar por completo, afogando definitivamente, a espécie humana que tanto o tem prejudicado.
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