domingo, 4 de julho de 2010

Nossa sociedade e a Pedagogia do Oprimido: impressões pessoais

Foto: Prof. Paulo freire (2010)
Por Karina da Costa Sousa

O texto que se segue foi escrito predominantemente em primeira pessoa, pois, ao escrevê-lo, tentei expor as impressões pessoais que tive após o contato com a obra Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire. Trata-se de um pedaço de meu pensamento, e um pouco de meus sentimentos e idéias sobre nossa sociedade, nosso modo de vida.
Sempre pensei que a raiz de todos os problemas existentes no planeta Terra está na educação e
esclarecimento dos seres humanos. Isto é, a ausência da educação e do esclarecimento. Todavia, penso, por ora, que talvez seja muito radical atribuir uma “culpa” apenas à educação, ou sua ausência. Isto pois a própria natureza, e todas as relações vivas comportadas por ela, incluindo obviamente as humanas, são nada mais que um conjunto de partes integrantes (e integradas) de uma enorme teia, onde todas coexistem. Assim, não se pode atribuir uma razão isolada a qualquer fenômeno. Este mesmo raciocínio pode ser empregado ao observamos os problemas pelos quais a sociedade tem passado. E estes problemas aos quais me refiro não são apenas de âmbito social. Eles vão desde problemas do homem consigo mesmo, até em relação ao homem e sua percepção existencial.
Conhecendo a obra Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire, encontrei nela muito de minha opinião sobre semelhantes questões. Estamos em face de uma situação de profunda alienação intelectual e ignorância subsidiada. Valores fundamentais para a vida, convivência e evolução humanas estão se perdendo (para não ser novamente radical e dizer mesmo que já se encontram perdidos). Assaltos e roubos e assassinatos, intolerância, desrespeito. Onde estará a fraternidade, a compaixão? E como ouso eu falar estas palavras, quando elas estão tachadas de caretas, e quando eu mesma poderei ser tachada assim? Isso não importa a mim, nem a outros bons espíritos, tenho certeza. Talvez essa seja outra causa a ser apontada para a situação que se tem vivido. E mais, o que pode ter acontecido com o amor à natureza e as formas de vida consideradas hierarquicamente inferiores por nós, seres que se afirmam pensantes! Raciocínio humano? Como? Onde ele se manifesta, se a natureza e os animais nos dão mais valorosos e numerosos exemplos e lições de (con) vivência e equilíbrio? Em minha opinião de iniciante na reflexão filosófica e intelectual, porém atenta a tais questionamentos, este é o pior quadro que se pode apreciar na sociedade, na natureza, na vida. Por que nos tornamos assim? Por que agora já é tão difícil voltar a atrás e refazer o caminho, o modo de vida?
O ser humano se mostra impulsionado por outros desejos, não só atualmente, como em qualquer capítulo de nossa história, desejos que fazem de uns dominantes e outros dominados. Ou como sugere Paulo Freire, uns oprimidos e outros opressores.
Sim, como se não fosse o bastante a falta de valores morais e éticos, há ainda a falta de esclarecimento, a falta da consciência do verdadeiro, singelo e ao mesmo tempo complexo significado da expressão humanidade.
Segundo Freire aponta, estamos vivendo em tempos de humanidade roubada. O que parece é que os homens já nascem assim, ou opressores, ou oprimidos. De fato, este é um processo que acompanha todo o desenvolvimento do indivíduo. Estamos condicionados, não apenas os que têm sua humanidade roubada, como aqueles que a roubam. É preciso recuperar a humanidade, pois só assim será possível se alcançar a liberdade, algo que há séculos se busca, mas acredito que até os dias atuais não se entende (e se pensa possuir). É preciso tomar consciência desta situação. É preciso que os homens tenham vontade, desejo por alcançar esta humanidade. É preciso se entender também esta humanidade. É preciso se tomar consciência da situação e da realidade que vivemos, de nossos opressores e sua “falsa generosidade”. Aquela generosidade que se alimenta da injustiça, e que teme o desaparecimento desta injustiça. É preciso libertar-se dos fanatismos existentes nas várias esferas de atividades humanas, como já observamos na política e na religião (que tanto pode contribuir, positiva ou negativamente, na edificação do ser humano), por exemplo, para se conseguir enxergar a realidade, nosso mundo, nossa existência. Tantas coisas necessárias. Como fazê-las? Tantos problemas. Quantas soluções? Há soluções? Certamente.
Assim, chegamos à questão abordada por Paulo Freire em Pedagogia do Oprimido que, na minha opinião, é a mais importante da obra. Trata-se da educação, sua contribuição na transformação da concepção do homem por si mesmo e suas relações no ambiente em que vive. Não seria necessário explicar e descrever todo o método proposto por Paulo Freire, considerando que já o conhecemos e considerando que conhecemos a realidade que vivenciamos. Bastaria dizer que uma pedagogia libertadora deve ser construída por todos, e não a partir de uns para outros, sem se levar em consideração a realidade destes outros, sem se estimular a busca e a reflexão inovadoras, criativas, dinâmicas e não estáticas. Os homens serão livres para exercer sua humanidade, em todos os sentidos que esta palavra pode ter, quando estiverem esclarecidos. Certamente, o futuro deve ser construído por mãos trabalhadoras e transformadoras, por meio de sua reflexão e de sua atuação. Subjetividade e objetividade, como ensinou Paulo Freire.
É preciso interação e atividade de todos. É preciso consciência. É preciso liberdade. É fantástico pensar em mudanças tão desejadas pela maioria dos povos, e certamente esta maioria está formada pelos oprimidos e pelos “esfarrapados do mundo”, os companheiros de causa e luta, à luz da educação. Eis o porquê de Pedagogia do Oprimido conter tanto de minha própria opinião.
Finalmente aponta-se uma solução e não mais uma causa para os problemas que nos afligem. E como diria dois grandes sábios: “em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural, nada deve
parecer impossível de mudar”
[1] pois “Quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem”[2] e “Não estamos perdidos. Ao contrário, venceremos se não tivermos desaprendido a aprender”[3].
[1] Bertolt Brecht
[2] Rosa Luxemburgo
[3] Rosa Luxemburgo

sábado, 3 de julho de 2010

SOB A MAQUIAGEM DA COPA: A OUTRA ÁFRICA!

Por Valter Machado da Fonseca
Quase todas as atenções do mundo se voltam para o segundo maior evento esportivo do planeta, a Copa do Mundo de Futebol, que perde apenas para os Jogos Olímpicos. Pela primeira vez na história da copa, ela está sendo realizada no continente africano. Mas, isto não é novidade para ninguém, pois esse evento já estava anunciado há mais de quatro anos. Como todo brasileiro, também gosto de futebol, porém, o que pretendo com este breve artigo não é tecer nenhum comentário sobre o futebol em si, muito menos analisar os jogos.
O que quero é chamar a atenção sobre o continente no qual o evento se realiza: a África. O que temos assistido até o presente momento é uma verdadeira festa [de todas as cores], com um grande número de torcedores [turistas] dos diversos países que participam da competição. É interessante verificar que todos os estádios que recebem a competição são construções suntuosas, com estruturas de causar inveja às principais potências capitalistas do planeta. É interessante ainda, observar que a maioria dos estádios fica com sua lotação esgotada, às vezes de uma hora para outra. Também é importante verificar que a grande maioria dos torcedores é bem vestida, rostos corados, sadios e esbanjam alegria. Em nenhum momento se consegue perceber a realidade social do continente africano, nem mesmo no momento da eliminação dos “Bafana Bafana”.
Aí surge uma interrogação: será que essa competição é mesmo na África. Será que ela se realiza no mesmo continente, acerca do qual sempre acompanhamos notícias da enorme desigualdade social, subnutrição, fome, mortalidade infantil, guerra civil, miséria? Por incrível que pareça, as redes de TV, as rádios e jornais, em nenhum momento tocaram nos graves problemas sociais da Etiópia, da Somália, de Serra Leoa, dentre inúmeros outros países marcados pela população em estado de miséria absoluta. A ostentação da arquitetura e suntuosidade dos estádios e da infra-estrutura que os atendem está em gritante contradição com a situação econômica da maioria dos países que compõem o continente, inclusive a própria África do Sul, que passa por uma enorme crise econômica.
É fato também que a FIFA andou distribuindo milhares de ingressos para uma parcela da população [obedecendo a critérios de seleção, que priorizam as regiões menos miseráveis e setores menos pobres da população sul africana], para que a África esteja presente nos estádios e prestigie o evento em seu país. Ficaria, no mínimo estranho, um evento esportivo desta magnitude na África, sem a presença dos africanos. A rede de comunicação noticiou, in passim, a greve dos trabalhadores africanos que participaram da construção das obras dos estádios e da infra-estrutura básica exigida pela FIFA [e que segundo consta, até agora não receberam seus salários]. Outra pergunta levantada pela rede de comunicação foi: Quem irá pagar os custos dessas suntuosas construções, estimadas em bilhões de dólares? Ao mesmo tempo, mostrou a população sul africana apreensiva acerca de quem irá arcar com esses gastos milionários. A propósito: Por que será que Nelson Mandela não compareceu a nenhum jogo? Será apenas devido ao falecimento de sua neta ou pela sua saúde debilitada? E a grande maioria dos chefes de Estado que comparecem a todo evento esportivo de grande magnitude, por que não deram as caras?
Este evento esportivo pode ser comparado ao terremoto do Haiti, só que o terremoto serviu para trazer à tona as mazelas decorrentes da desigualdade social e da situação de miséria da grande maioria da população haitiana, ao passo que a copa do mudo de futebol na África, está sendo usada para esconder, maquiar a triste e cruel realidade social do continente. Para mostrar ao mundo que a África conseguiu “bancar” um dos maiores eventos esportivos do planeta. Mas, com o dinheiro de quem?
Por fim, a FIFA conseguiu mostrar ao mundo que a África que há poucos meses atrás era chamada de “Terceiro Mundo”, na época da copa retoma seu “legítimo lugar” de berço da humanidade. Finalmente, é preciso enfatizar a “importância” da realização desta copa no continente africano que, embora tenha todas as suas seleções eliminadas do torneio, a população está “feliz” [sempre entre aspas]. Para a FIFA, ao término do torneio, quando todos forem embora e o continente for novamente esquecido, principalmente pelas nações desenvolvidas, o povo pobre ficará imensamente feliz, pois restará a eles um punhado de estádios magníficos e suntuosos [combinando com seus elefantes brancos] que a população terá imenso prazer em deixar de se alimentar, para bancar o “pequeno investimento” gasto em sua construção. Afinal, qual foi o ganho que a África teve ao realizar tão importante evento? Provavelmente ela ficará na história, figurando no Guines Book, como um continente ousado que em apenas um mês terá conseguido aumentar em, pelo menos dez vezes, o índice de miséria de sua população. Um recorde verdadeiramente difícil de ser batido.

sábado, 19 de junho de 2010

Em nome da humanidade! Obrigado José Saramago!

Por Valter Machado da Fonseca

Neste dia 18 de junho de 2010, a humanidade perdeu um de seus membros mais ilustres. Morreu José Saramago, escritor português que fazia da pena uma poderosa arma contra as injustiças e em favor dos injustiçados do mundo. Apesar de nascer em Portugal, Saramago era cidadão do mundo. Era um homem para além desse tempo de “barbárie”, era um homem cuja visão simples, própria da origem camponesa, não se concentrava nos detalhes, mas na totalidade da essência do mundo, conseguindo perceber os detalhes e suas ligações com a totalidade do mundo, com a harmonia e desarmonia da vida. Assim era Saramago, assim ele foi durante toda sua existência. Polemizava quando era necessário, brigava quando tinha convicção de sua causa, porém, nunca abandonava uma causa nobre.
Esse adorável escritor passou toda sua existência entre o amor e o ódio. Era amado pelos que possuíam nobreza de caráter e odiado pelos covardes, pelos assassinos, pelos injustos, pelos escravagistas, pelos censores. Saramago examinava o mundo com a lupa da honradez, da retidão de seus valores, da luta contra todas as formas de preconceito e discriminação [das maiorias e das minorias]. Mais que escritor, ele era um militante em favor das causas justas, por isso, ele examinava os fatos e suas consequências e não seus autores. Elogiava quando se merecia e criticava quando necessário. Não importavam a quantos nem a quem eram dirigidas suas críticas ou elogios. Esse era o homem português, escritor, lutador, desbravador, pesquisador, poeta de muitos ou de poucos homens.
Sua obra tinha o traço da crítica severa, mas não da crítica pela crítica, mas da crítica propositiva, que buscava alternativas, que vislumbrava novos horizontes, novos rumos, novos caminhos. Acreditava que para “para se descobrir novos caminhos é necessário sair dos trilhos”, pois eles [os trilhos] determinam um único caminho, já conhecido. Sua obra se destaca pela ironia verdadeira, pela contundência de sua crítica, pelo apelo que faz em nome da construção de outro mundo, de outra sociedade. Sua filosofia era a filosofia da liberdade, do amor à vida e aos homens justos, acima de tudo.
Sua obra se destaca, mais que nunca, pela simplicidade de sua escrita. Mas não é uma simplicidade qualquer, é a simplicidade que destaca o complexo, o contexto. É uma simplicidade que se aprofunda desnudando a verdade de suas crenças, metendo medo nos covardes, dando o verdadeiro nome às coisas, não importando a quem ou a quantos iria agradar ou desagradar. Diferente de alguns que se dizem escritores, Saramago não escrevia para vender. Não fazia da literatura mera mercadoria a serviço da mais valia. Sua obra objetivava a construção de uma filosofia de vida, da edificação de um mundo e de uma sociedade mais humanos. Esses traços, contundentes em sua literatura o assemelham a Paulo Freire.
Ao analisarmos, com profundidade, seus trabalhos, podemos perceber diversos pontos comuns com os trabalhos do professor Paulo Freire. Assim como Freire, Saramago acreditava que a utopia de hoje será a realidade de amanhã, que a esperança é o tênue fio que une o sonho à realidade. Assim como o nosso brilhante Paulo Freire, ele também acreditava na emancipação dos “Demitidos da vida”, dos “Esfarrapados do mundo”. Por isso, defendia os indígenas, os negros, os mendigos, as prostitutas, os homossexuais, enfim, fazia sua a causa dos oprimidos, dos “De baixo”, nas palavras de Freire. Assim como Freire, Saramago acreditava no poder de transformação presente em cada ser humano, acreditava na essência entre a forma e o conteúdo. Enfim, os dois acreditavam com veemência na emancipação dos oprimidos diante dos opressores. A “Pedagogia crítico-libertadora” de Paulo Freire é a mesma “Filosofia da liberdade” de Saramago.
Por fim, a humanidade não perdeu apenas um escritor ilustre. Mais que isso! A humanidade perdeu um militante em favor da justiça, dos oprimidos. Perdeu um homem que desafiava, com a mesma intensidade tanto o Vaticano quanto a Casa Branca. Perdeu um homem que, acima de tudo, nunca se deixou fascinar pelo poder que emana das elites, das falcatruas, das maracutaias, da desonestidade e da injustiça.
Enfim, pelo homem que foi e pelas ideias que construiu, por intermédio de sua escrita simples, cuja obra se assemelha à batuta que rege uma grande sinfonia, em nome da humanidade, eu brado em alto e bom som: sua obra percorrerá a eternidade. Obrigado! Grande José Saramago!


domingo, 6 de junho de 2010

Lançamento do livro “ENTRE O AMBIENTE E AS CIÊNCIAS HUMANAS” foi um sucesso.


Valter Machado da Fonseca e Sandra Rodrigues Braga na sessão de autógrafos
Por NEEFICS


Aconteceu no dia 28 de maio de 2010 (sexta feira), no Centro Cultural Cecília Palmério, Campus I da universidade de Uberaba (UNIUBE), o lançamento do livro “ENTRE O AMBIENTE E AS CIÊNCIAS HUMANAS: artigos escolhidos, ideias compartilhadas”, de autoria do Prof. Valter Machado da Fonseca, Mestre e doutorando em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia (FACED/UFU) e docente da UNIUBE e da Profª. Drª. Sandra Rodrigues Braga, analista de projetos e coordenadora do COSAE do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CNPq).
O lançamento contou com a presença de, aproximadamente, 150 pessoas e foi considerado um sucesso pelos organizadores deste relevante evento de produção literária. O compositor Uberabense, músico e violonista clássico Sérgio Ramos abrilhantou a abertura do evento, com uma apresentação musical memorável.
A mesa foi composta pelos professores Aristóteles Teobaldo Neto (Geografia/Uniube), Humberto Ritt (Engenharia Ambiental/Uniube), Anízio Bragança júnior (Comissão Pró AGB/Uberaba), Maria dos anjos P. Rodrigues (membro do Núcleo de Estudos em Educação, Filosofia e Ciências Sociais do Triângulo Mineiro – NEEFICS), Sandra Rodrigues Braga e Valter Machado da Fonseca (autores da obra), além dos acadêmicos Zaida Siufi (Graduanda em Engenharia Ambiental da Uniube e integrante do Instituto Curupira de ecologia) e Weslei Borges (aluno do curso de Geografia da universidade Federal do Triângulo Mineiro e Presidente do centro Acadêmico Sueli Del Grossi, de Geografia da UFTM). A mestra cerimônia do evento foi a Profª. de Línguas Hosana Reis.
O evento contou ainda com duas relevantes palestras ministradas pelos autores. A primeira intitulada “OS PROBLEMAS URBANOAMBIENTAIS DO SÉCULO XXI” foi ministrada pelo Prof. Mestre e doutorando Valter machado da Fonseca. A segunda palestra teve como temática “OS RECURSOS HÍDRICOS NO SÉCULO XXI” e foi proferida pela Profª. Drª. Sandra Rodrigues Braga.

SOBRE A OBRA

Trata-se de uma obra de grande densidade teórica, com 287 páginas, retratando um apanhado das produções mais significativas, resultantes de pesquisas sérias dos dois autores, nos últimos 6 (seis) anos e publicadas em anais de congressos nacionais e internacionais e periódicos científicos. A obra inclui trabalhos publicados em parceria e individualmente pelos autores acerca das temáticas ambientais mais discutidas na atualidade, tais como: a Amazônia, o Cerrado, queimadas e desmatamentos, geração e produção de efluentes domésticos e industriais, transgenia, Recursos Hídricos, debates sobre sustentabilidade socioambiental, bicombustíveis e energia alternativa, aquecimento global, as diversas formas de poluição, uso e manejo dos recursos naturais, problemas ambientais urbanos, dentre vários outros importantes assuntos.
Os autores acreditam que este livro trará uma riquíssima contribuição para o conjunto dos professores, estudantes, estudiosos e pesquisadores interessados e preocupados com as temáticas ambientais e sociais. Por fim, eles crêem que a obra será de grande valia para todas as pessoas que se preocupam com o presente e o futuro do planeta e da espécie humana.

SOBRE OS AUTORES

Valter Machado da Fonseca: é natural de Lagoa Formosa (MG), fixou residência em Uberaba (MG) há 30 anos, é Técnico em Mineração pela Escola Técnica Federal de Ouro Preto (MG), Licenciado em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia (MG) – UFU, Mestre e Doutorando em Educação pelo Programa de Posgraduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia – PPGED/FACED/UFU. É professor dos cursos de Graduação em Geografia, Pedagogia e Engenharias de Produção, Civil e Ambiental da Universidade de Uberaba (UNIUBE). Possui inúmeros trabalhos relativos às áreas de Educação, Geografia e Geociências, publicados em Congressos e Seminários nacionais e internacionais, além de vários artigos em periódicos científicos. É pesquisador das áreas de “Alterações Climáticas” e “Impactos sócio-ambientais das monoculturas Sobre os ecossistemas terrestres e aquáticos”. É membro-fundador e coordenador do Núcleo de Estudos em Educação, Filosofia e Ciências Sociais do Triângulo Mineiro (NEEFICS). É autor do livro “A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA PÚBLICA: entrelaçando saberes, unificando conteúdos”. Contatos: machado04fonseca@gmail.com
Sandra Rodrigues Braga:
é natural de Uberaba, onde, além de professora, atuou como ativista dos movimentos sociais, aos quais atribui todo seu aprendizado. Após anos de autodidatismo, concluiu a licenciatura plena em Geografia (1999). Pouco depois, ingressou no mestrado e, em 2008, concluiu seu doutorado em Geografia, percurso todo calçado pela Universidade Federal de Uberlândia. Em 2004, prestou concurso para analista em C&T do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o que a levou a mudar-se para Brasília. Atualmente, é Coordenadora do Programa de Pesquisa em Ciências Sociais Aplicadas e Educação (COSAE/ CNPq). Mesmo fora da academia, continua a publicar em periódicos nacionais e estrangeiros e a participar de eventos da área de Geografia, na qual sua experiência se concentra em Geopolítica, com ênfase nos temas políticas públicas, Brasil e América Latina, geografia urbana e poder. Possui diversos trabalhos em periódicos e anais de eventos científicos nacionais e internacionais. Contatos: sandrarbraga@terra.com.br

EDUCAÇÃO EM DISCUSSÃO: A escola passada a limpo

Por Valter Machado da Fonseca

Hoje, em meus devaneios de toda madrugada, um assunto que me vem, constantemente, à memória voltou a me inquietar. O crônico e histórico problema da educação brasileira voltou a me perturbar. Talvez, o motivo do aumento da frequência da inquietação sobre esta temática esteja relacionado à aproximação do processo eleitoral deste final de 2010.
Como de costume, em todos os processos eleitorais no Brasil, esta temática entra em voga, e se agiganta, cada vez mais, à medida que as eleições se aproximam. Não existe tema mais preferido por todos que pleiteiam cargos [do legislativo ao executivo, passando pelo judiciário] do que a educação. O recente e justo movimento grevista dos professores da Rede Estadual de Ensino veio trazer novos e importantes elementos para aumentar, ainda mais, minhas inquietações.
Todos os candidatos que pleiteiam cargos [em todos os escalões] do governo, em seus palanques eleitorais, fazem verdadeiras apologias à educação. E não falam de qualquer educação, falam em nome de um ensino de qualidade em todos os níveis, como se a escola pudesse sanar todos os problemas sociais, econômicos e culturais do país [inclusive o mau caratismo, a improbidade administrativa, as maracutaias, os desvios de verbas e as diversas formas de corrupção].
Reexaminando os editais que regem os concursos públicos que visam “selecionar” os melhores candidatos nas instituições Federais, Estaduais e Municipais de Ensino em nosso país, podemos verificar discrepâncias e lacunas que permitem a manipulação desses concursos, dirigindo-os para os candidatos preferenciais de alguns “iluminados”, os mesmos que sobem nos palanques eleitorais em defesa de uma educação de qualidade. Afinal, para que servem os concursos públicos? Servem para selecionar, de fato, os melhores e mais capacitados candidatos para os cargos disponíveis, ou servem apenas como instrumento de manobra para beneficiar alguns concorrentes? Em diversos locais do nosso imenso território surgem, a todo o momento, evidências e provas cabais de manipulações dos concursos públicos.
Se quisermos, de fato, construir uma educação de qualidade no Brasil, os governos devem voltar os olhos para os editais, critérios, composições de bancas de examinadores e processos de avaliação e seleção dos melhores candidatos para ocuparem os cargos colocados à disposição na educação pública, em todos os níveis [das escolas municipais às universidades estaduais e federais]. Por fim, para se efetivar no país uma educação verdadeiramente de qualidade, os nossos governantes e representantes devem se preocupar com todas as questões envolvidas no processo educacional brasileiro, a iniciar por um reexame dos formatos dos concursos públicos que escolhem os candidatos a docentes e funcionários de nossas escolas e universidades. É preciso, urgentemente, passar a limpo o rascunho da proposta dos concursos públicos no Brasil.

A ÁGUA VIOLENTADA EM UBERABA

Por Valter Machado da Fonseca

A problemática da superprodução e superacumulação de efluentes domésticos e industriais tem sido uma das maiores preocupações da humanidade nos tempos modernos. Esse problema, fruto do processo de industrialização/urbanização desordenado, tem se alastrado por todos os cantos do planeta. No Brasil, em especial, essa questão assume dimensões gigantescas, principalmente nas médias e grandes cidades do país, devido, principalmente, à desinformação que atinge os gestores e legisladores das principais cidades brasileiras. Na grande maioria delas, aliada ao parco entendimento do assunto por parte dos poderes públicos e legisladores locais, existe o problema real da falta de planejamento urbano-ambiental. O problema está diretamente vinculado ao uso, gestão e manejo incorretos do solo urbano.
Em Uberaba, o problema, talvez seja ainda mais grave, devido às frequentes enchentes no centro da cidade [fruto da falta de planejamento] que se vincula, dentre outros fatores determinantes, também ao problema da má destinação e disposição do lixo doméstico e industrial. A deposição incorreta desse lixo urbano acaba por destruir e contaminar a vegetação do entorno da cidade, além de sacrificar a fauna, o que agrava ainda mais o problema das enchentes e inundações.
No dia 17/03/2010 tive oportunidade de, por intermédio de verificação in locu, analisar com mais profundidade o problema da deposição de resíduos [que seriam da construção civil] na denominada “Pedreira”. Fiquei estarrecido com o que vi. Não é preciso ser um exímio observador para perceber a gravidade do crime ambiental praticado naquela área. Apenas por meio da análise visual e superficial, dá para se perceber que não se trata apenas de resíduos da construção civil.
No local existe todo tipo de material, misturado aos entulhos [conforme registro da rede de TV que me acompanhou]. São peças de eletrodomésticos, restos de comida e outros tipos de lixo orgânico, embalagens, sacos e sacolas plásticas, metais, borracha, pneus e, pasmem! Registramos embalagens de agrotóxicos e inseticidas, além de pilhas e baterias. Sabe-se lá se não existe lixo hospitalar sob os entulhos. Não há nenhuma preocupação com a fiscalização e, muito menos com a separação e seleção do material ali depositado.
Aliado a todos esses problemas, o lixão localiza-se acima do ponto da captação de águas do Rio Uberaba, há aproximadamente vinte metros de um córrego, um de seus afluentes. O chorume produzido por esse tipo de resíduo infiltra-se no solo e vai direto para o lençol freático, atingindo a zona de recarga desse corpo d’água, que deságua no Rio Uberaba. Além do chorume, o escoamento superficial das águas das chuvas carreia, diretamente, para o leito do córrego todo o material poluído. Com isso, não temos a mínima ideia da quantidade de coliformes fecais, além de outros germes e bactérias que podemos estar ingerindo no nosso dia a dia, por intermédio do consumo de água.
A pergunta que não quer calar é: Quem autorizou a deposição de lixo num local que, inclusive, faz parte de Área de Proteção Ambiental (APA), tão próximo [em cima] dos mananciais que abastecem nossa cidade? O que pensam os legisladores e o ministério público? Essas indagações eu deixo para a reflexão dos leitores. Devemos ficar alertas, pois, das torneiras de nossas residências, podemos esperar qualquer “coisa”, por mais estranha que seja, quando a abrirmos para o uso da “água nossa de cada dia”. Água, com a qual a natureza sabiamente nos presenteou e que tratamos de poluir dia após dia.


quinta-feira, 6 de maio de 2010

Lançamento do livro: "ENTRE O AMBIENTE E AS CIÊNCIAS HUMANAS".



Por NEEFICS


O Núcleo de Estudos em Educação, Filosofia e Ciências Sociais do Triângulo Mineiro (NNEFICS) tem a honra de anunciar o lançamento do novo livro do Professor, Mestre e doutorando em Educação Valter Machado da Fonseca (também integrante do NEEFICS). A obra foi escrita em parceria com a Profª. Drª. Sandra Rodrigues Braga (uma das fundadoras do NEEFICS) e coordenadora do COSAE/CNPq.
A obra trata de relevantes temáticas que ocupam, nos tempos presentes, a centralidade dos debates conjunturais, seja no meio científico, seja na mídia, como o "aquecimento global", transgenia, espaço urbano e agrário, resíduos sólidos, Amazônia: atual estágio de degradação e conservação, o Cerrado brasileiro e a expansão da fronteira agrícola, a geopolítica dos recursos hídricos, a monocultura canavieira, os biocombustíveis, dentre outras importantes temáticas.
Ela será lançada no dia 28 de maio de 2010, às 20 horas, no Centro Cultural Cecília Palmério - Campus I, da Universidade de Uberaba (UNIUBE), situado na Avenida Guilherme Ferreira, 217 - Centro - Uberaba (MG). No evento, os autores proferirão palestras de interesse de toda a comunidade.