sábado, 7 de março de 2009

O Real Papel da Mulher na Sociedade Globalizada





Por Carmem Lúcia Ferreira


A Revolução Industrial, trouxe consigo novas perspectivas e promessas de mudanças para as mulheres em geral. Acreditava-se que, o fato de saírem de seus lares à procura de trabalho nas fábricas em crescimento constante, estariam dando passos primordiais para uma conquista, até então, considerada impossível. Contudo, esta afirmativa não era verdadeira, ao contrário ela é falsa e cheia de inverdades, pois a inculcação ideológica que a sociedade burguesa tentou impor não corresponde com a realidade atual. Alexandra Kolontai afirmava que:
[...] Ao arrancar do lar, do berço, milhares de mulheres, o capitalismo converte essas mulheres submissas e passivas, escravas obedientes dos maridos, num exército que luta pelos seus próprios direitos e interesses da comunidade humana. Desperta o espírito de protesto e educa a vontade. Tudo isso contribui para que se desenvolva e fortaleça a individualidade da mulher. [...] Mas, desgraçada da operária, que crê na força invencível de uma individualidade isolada. A pesada carga do capitalismo a esmagará, friamente, sem piedade. (KOLONTAI, 2005, p.21)
Neste sentido, a autora coloca claramente o espírito de “revolução”, que deve estar contido, em cada mulher, seja qual for a época em que esteja vivendo, e principalmente atentar-se aos “modismos” e aos falsos discursos, que sempre tentam mesclar a realidade dos fatos. Que diferença há em deixar seus lares, para servir os “donos dos meios de produção”? Não há diferença. Aliás, há; visto que ao se sujeitar à exploração da mais valia, sem dúvida é algo totalmente degradante para o ser humano.
Tanto às pseudo “conquistas” no ingresso nas fábricas em busca de novas perspectivas, quanto o direito ao voto, dentre tantas outras, não passam de meros interesses da sociedade capitalista em “lucrar”, uma vez que a mão de obra feminina é mais barata. Infelizmente, foi necessário o fato monstruoso de atearem fogo em operárias em uma fábrica na cidade de Chicago, pelo simples fato de reivindicarem menor jornada de trabalho. Daí surgiu o tão propalado “Dia Internacional da Mulher”, 8 de março, como forma de amenizar todas as formas de preconceitos e barbáries sofridas pelas mulheres por anos a fio. Então se questiona: Há o que comemorar? Certamente não.
É preciso urgentemente nos situarmos, enquanto mulheres e conquistar de fato e de direito nosso papel na sociedade. Na verdade, não devemos nos iludir com as flores e bombons, que neste dia, nos são ofertados. É preciso procurar compreender com que interesse e, ao mesmo tempo, quem os estão ofertando. Afinal, o dia da mulher é durante todo o ano, na árdua luta contra a desigualdade e opressão, junto com o conjunto dos oprimidos do mundo inteiro.
Por fim, este ensaio tem a pretensão de chamar à reflexão, no sentido de se inteirar da real e exata dimensão da importância da mulher na sociedade, não só como trabalhadora, mas, sobretudo, como ser humano. E, finalmente mostrar que com a mesma dádiva que elas têm de dar à luz e perpetuar a espécie humana, elas possuem também, o espírito de luta, de determinação e, sobretudo, o poder de mudar o curso da história.

BIBLIOGRAFIA
KOLONTAI, A. A Nova Mulher e a Moral Sexual. 3 ed. Revisão: Ana Corbisier e Joseline Almeida. São Paulo: Expressão Popular, 2005.
Carmem Lúcia Ferreira é Membro da AGB Uberaba - MG (Associação dos Geógrafos Brasileiros), membro do NEEFICS e funcionária pública da Prefeitura Municipal de Uberaba (MG). E-mail: karmem04fonseca@yahoo.com.br.
Artigo originalmente publicado na revista DESTAQUE IN, ano XIII, Nº 73, Sacramento/MG, jan/fev 2007.
Foto (KOLONTAI): Arquivo DESTAQUE IN, 2007.

Alexandra Kolontai (biografia)
(Alexandra Domontovic; San Petersburgo, 1872 - Moscú, 1952) Política soviética. Hija de un general ayudante del Zar, al terminar sus estudios en Suiza se adhirió al movimiento socialista e ingresó en el Partido Obrero Socialdemócrata Ruso, dentro del cual militó, en primer lugar, en la corriente bolchevique, para pasar en seguida a la tendencia menchevique.
Al estallar la Primera Guerra Mundial se hizo colaboradora de la revista de Trotski, Nase Slovo: fueron los años de la teorización sobre una alianza con los bolcheviques. En 1915 abrazó de nuevo la ideología de estos últimos y, dos años más tarde, después de la revolución de febrero, expresó su coincidencia con las "tesis de abril" de Lenin, y formó parte del grupo de dirigentes de la insurrección armada.
Tras el VIII Congreso del Partido, se alineó con la izquierda de Bujarin, que se negaba a aceptar las condiciones de paz impuestas por Alemania. A partir de los años veinte, se convirtió en uno de los representantes más convencidos de la llamada "oposición obrera", una corriente muy destacada de la izquierda obrerista, que expresaba claras discrepancias ante la dirección del Partido, al que acusaba de excesivo centralismo y de limitar la libertad de discusión. En el programa y en la línea que inspiraba la tendencia obrerista se encontraba el nuevo papel que iba a asumir el sindicato: el control y la gestión de la industria.
En 1921, las diferentes tendencias que caracterizaban el debate interno del Partido fueron disueltas. Kollontai se adhirió a la "Declaración del 22", que retomaba algunas ideas de la "oposición obrera". Fue acusada de sectarismo y amenazada con la expulsión del partido. Kollontai, que criticaba explícitamente la línea política de Stalin, fue alejada del país y enviada en misión diplomática a Noruega, México y Suecia. Fue la primera mujer que ocupó el cargo de embajadora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário